O próximo presidente do Brasil será aquele que conseguir o voto da nova classe média. É a análise do presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, que tem se dedicado, nos últimos anos, a traçar o perfil dos cidadãos que compõem esse grupo. “A classe C chegou muito dividida a este segundo turno. As classes D e E claramente estão com Dilma Rousseff (PT). As classes A e B estão claramente com Aécio Neves (PSDB). E a classe C, dividida”, atesta.
Responsável por 56% do eleitorado, esse público rejeita a campanha agressiva que pautou os últimos debates dos presidenciáveis Dilma e Aécio. De acordo com Meirelles, esse eleitor quer saber do futuro e ouvir propostas. “Ele não enxerga hoje um estado que seja parceiro para que ele continue melhorando de vida, como ele melhorou nos últimos anos”, avalia.
Para Meirelles, a petista e o tucano acertam quando tratam de temas como saúde e educação nos programas eleitorais e nos debates. Independentemente de quem sair vitorioso das urnas, Meirelles destaca como principal desafio do próximo governo a dificuldade de resgatar a política entre os brasileiros.
No primeiro turno, o Data Popular, instituto de pesquisa criado em 2013 para estudar as classes de renda do Brasil e que presta consultoria a empresas, entregou o livro Um país chamado Favela aos três principais presidenciáveis. É um estudo sobre os moradores dessas comunidades. De acordo com Meirelles, os três prometeram incorporar propostas a esse público.
Qual é o perfil do eleitor da nova classe média?
Eles representam 56% do eleitorado. É um conjunto de pessoas que melhoraram de vida nos últimos anos substancialmente graças à geração do emprego formal. São pessoas que têm a mulher participando mais do dia a dia da família e das decisões de compra. De cada R$ 100 da classe A, só R$ 25 são do trabalho da mulher. Na classe C, de cada R$ 100, R$ 41 vêm da mulher. São mulheres que participam mais da economia. Nessa classe C, 61% dos jovens estudaram mais do que os pais.
O que o eleitor da nova classe média espera do candidato?
Espera que ajudem a resolver os problemas do dia a dia. Ele acha que a eleição está em um grau de agressividade maior do que deveria estar e que, portanto, falta um debate sobre as coisas do cotidiano. Por outro lado, tem valores muito claros sobre o estado e sobre sua vida. Ele tem certeza de que a vida melhorou nos últimos anos e atribui essa melhora ao seu próprio esforço.