Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (13/9) mostra que 71% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência ao se deslocar no país. No Distrito Federal, o número chega a ser ainda maior, 74% das entrevistadas afirmam que já sofreram violência ao saírem na rua.
Entre as mulheres que sofreram violência, 71% relataram ter sofrido enquanto se deslocavam a pé. 45% das vítimas afirmaram ter sofrido violência no ônibus
A nível local e nacional, o tipo de violência mais registrado foi o de assédio: 42% no DF e 44% na média nacional apontaram já ter recebido olhares insistentes e cantadas. 36% das entrevistadas residentes em Brasília também confirmaram já ter sofrido assalto, furto ou sequestro relâmpago. O número é de 26% na média nacional.
Acerca da reação após sofrerem uma situação de violência, 74% das mulheres afirmaram que nunca reagiram — o número cresceu em relação ao levantamento de 2023, de 69%. Metade delas, 52%, relataram abalo psicológico após o episódio. 38% afirmaram que as pessoas que viram/presenciaram a violência não fizeram nada para ajudar.
O levantamento Vivências e demandas das mulheres por segurança no deslocamento ouviu 4.001 mulheres em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, além de outras capitais, regiões metropolitanas e interior, que utilizam diferentes meios de transporte. A pesquisa é promovida pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber.
Medo de sair de casa
Quase todas as mulheres ouvidas, 97%, relataram sentir medo ao se deslocarem. Dessas, 80% relataram sentir muito medo. Em Brasília, o número de entrevistadas que relataram muito medo é de 82%, acima da média nacional.
O medo de sofrer um estupro é o mais relatado, por 66% das mulheres que afirmaram ter muito medo. Assalto/furto/sequestro relâmpago, com 66% no Brasil e 65% no DF, e importunação/assédio sexual, 58% na média nacional e 56% no DF, aparecem em seguida.
De acordo com a pesquisa, as mulheres brasileiras se deslocam em média quatro dias por semana, sendo que 26% saem de casa todos os dias. Entre os modais de transporte, o ônibus é o mais comum, utilizado por 42% das entrevistadas, seguido do deslocamento a pé/caminhando, com 41%, e carro particular (próprio, de familiares ou de terceiros), com 38%.
Comportamentos
Para as entrevistadas, a insegurança está relacionada à falta de políticas públicas. A ausência de policiamento foi o fator mais relatado, 56% acreditam que o problema está atrelado ao sentimento de insegurança. A falta de iluminação pública foi apontada por 52% e a existência de ruas desertas e vazias por 50%.
A maioria, 94%, acreditam que o tema da segurança das mulheres deve ser prioridade nas eleições municipais.
Embora reconheçam a responsabilidade do Estado, boa parte das mulheres passaram a adotar estratégias individuais por medo de sofrerem violência. Entre elas, estão evitar passar por lugares desertos/escuros (97%), escolher o lugar que vai sentar no transporte coletivo (90%), evitar sair à noite (89%) e até mesmo evitar certos tipos de roupas ou acessórios (87%).
Fonte: Correio Braziliense