Antes de alcançar o continente americano, o homem moderno fez um “pitstop” de 10 mil anos na Beríngia, uma faixa de terra que ligava o nordeste da Ásia e o Alasca. Essa ponte entre os dois continentes, hoje submersa, abrigou os povos migrantes que haviam deixado a paisagem asiática rumo ao Novo Mundo.
A teoria, proposta em 2007 por geneticistas, não ganhou muita força no meio científico por se basear apenas em análise de DNA. Agora, pesquisadores da Universidade de Colorado em Boulder, da Universidade de Utah e da Universidade de Londres encontraram evidências paleoecológicas que suportam a ideia, batizada de Beringia Standstill (Pausa na Beríngia, em tradução livre).
A Sibéria e o Alasca já foram unidos por uma faixa de terra que se estendia entre o que hoje é o Mar de Chukch (na Rússia) e o Mar de Bering (entre a Rússia e a América do Norte). Na sua parte mais larga, a Beríngia media 1,6 mil quilômetros de norte a sul e 4,8 mil quilômetros de leste a oeste. No fim do último máximo glacial, há cerca de 15 mil anos, as geleiras começaram a derreter. O nível do mar subiu e toda essa massa continental foi parar no fundo do oceano, varrendo a Beríngia do mapa.
Há sete anos, pesquisadores da Universidade de Illinois publicaram o resultado de um estudo feito com 600 amostras de DNA mitocondrial de 20 grupos de americanos e 26 de asiáticos, evidenciando que a diversidade genética dos povos que pisaram pela primeira vez na América era muito maior do que se imaginava.
“Antes de se espalhar pelas Américas, essa população ancestral fez uma pausa na Beríngia, longa o suficiente para que mutações específicas se acumulassem, separando a linhagem dos fundadores do Novo Mundo daquelas que ficaram na Ásia”, conta o geneticista Ripan Malhi, que liderou os estudos de 2007. Essa pausa foi calculada pelos pesquisadores como de 10 mil a 15 mil anos, tempo que seria necessário para que as variantes no DNA emergissem.