A cena de Cristiano Ronaldo no banco de reservas, desesperado e frustrado, empurrando seu time contra o Borussia Dortmund, não se repetirá na primeira partida das semifinais da Liga dos Campeões, contra oBayern de Munique. CR7 está de volta para fazer o que sabe de melhor, dentro do campo. E o Real Madrid precisará dele.
Do outro lado, os atuais campeões terão a liderança de Ribéry, superado pelo craque luso na Bola de Ouro deste ano e que pretende mostrar no confronto seu potencial para ser o próximo melhor do mundo. Tudo isso comandado por Pep Guardiola, conhecido carrasco dos merengues, invicto no Santiago Bernabéu.
Ainda não se sabe se o craque português está em sua completa condição física para atuar, mas a vontade que Cristiano Ronaldo tem mostrado é total. O atacante se voluntariou para treinar sozinho no CT do Real Madrid no último domingo e participou normalmente com o grupo das atividades de segunda e terça-feira, mostrando-se bem à vontade em campo. Com o pensamento fixo de que a partida desta quarta-feira pode ser a mais importante dos merengues até aqui na temporada, o melhor do mundo se poupou nos últimos três jogos: quando o time perdeu, mas se classificou contra o Borussia; na final da Copa do Rei, com título sobre o Barcelona; e na vitória por 4 a 0 sobre o Almeria no Campeonato Espanhol. Tudo para aprimorar sua recuperação e ajudar o time na primeira semifinal, considerada pelos madrilenhos como a que decidirá o finalista.
A preocupação com CR7 não é em vão. O craque luso tem 14 gols nesta Liga dos Campeões, já se igualou ao recorde de Messi e Mazzola numa edição do torneio, e pode estabelecer uma nova marca isolada se voltar a deixar o seu nesta quarta-feira. O português lidera um ataque avassalador, que balançou as redes dos adversários 32 vezes na competição e também pode se tornar o mais positivo da história se fizer mais três.
Mas o Real tem alguns problemas para o jogo. Apesar de ter treinado na véspera da partida depois de ficar fora da atividade de segunda-feira por causa de uma gripe, Bale não se integrou ao time na concentração à noite e virou dúvida. Pode ser poupado e começar no banco de reservas, assim como o lateral-esquerdo Marcelo, que ainda não está 100%, e, pelo discurso de Ancelotti, deve ser reserva de Fabio Coentrão. Formam a defesa ao lado do português Casillas, Carvajal, Sergio Ramos e Pepe. No meio, Xabi Alonso, Modric e Di María estão confirmados, assim como Benzema na frente com CR7. Se o galês não entrar em campo no início, o substituto mais provável é Isco.
O Bayern de Munique terá força máxima. Neuer, Lahm, Boateng, Dante e Alaba formam a defesa. De volta ao time, Schweinsteiger lidera o meio de campo com Thomas Müller e Gotze, na armação. Na frente, Ribéry e Robben devem municiar o croata Mandzukic, único que precisa tomar cuidado para não perder a partida de volta por causa de cartão amarelo – no Real, Illarramendi, Sergio Ramos e Xabi Alonso estão “pendurados”.
Chamado de “Besta Negra” do Real, pelo bom retrospecto que tem contra os espanhóis, o Bayern chega com moral ao Bernabéu. Os dois times protagonizaram duelos históricos em competições europeias desde os anos 70, com mais sucessos dos bávaros, inclusive na era dos “Galácticos” de Madri. A última recordação ruim dos torcedores merengues é recente. Duas temporadas atrás, em confronto também na semifinal da Liga dos Campeões, e, com pênaltis perdidos por Cristiano Ronaldo e Kaká, na disputa decisiva, os alemães avançaram às finais, para mais tarde perderem o título para o Chelsea.
Não bastasse isso, Guardiola ainda está envolvido no confronto. O treinador, que proporcionou dias de terror ao Real Madrid na época que visitava o Bernabéu com o Barcelona e ganhava quase tudo, volta ao estádio pela primeira vez desde que saiu da Espanha. Seu histórico no estádio é de cinco vitórias e dois empates em sete partidas. Para contra-atacar na parte do retrospecto, os merengues apostam na experiência de Carlo Ancelotti. O treinador nunca perdeu para o Bayern de Munique, em seis ocasiões que os enfrentou quando dirigia o Milan. Foram quatro vitórias e dois empates.
– A “Besta Negra” do Real não é a minha “Besta Negra”. Mas isso não me dá mais confiança. O que me dá muita confiança é a minha equipe, os jogadores que tenho – afirmou Ancelotti na entrevista coletiva na véspera da partida.