Um erro na liberação dos corpos de dois bebês mortos no Hospital Regional de Brazlândia (HRB) provocou revolta e indignação a duas famílias. Um supervisor de emergência da unidade de saúde teria se enganado e trocado os bebês. A confusão repercurtiu em Brazlândia, deixando no ar a incerteza quanto às condições do hospital da rede pública. As crianças nasceram sem vida, com pesos diferentes e estavam na câmara fria da unidade de saúde, identificadas e aguardando a liberação às famílias. O que já era motivo de tristeza se transformou em algo pior.
O caso só foi descoberto um dia depois da liberação de um dos corpos, quando uma das mães, sem saber o motivo da morte da filha, pediu para que exames fossem feitos a fim de esclarecer a causa. Ao ver o bebê, ela não o reconheceu e informou que havia algo errado. A moradora de Brazlândia pediu esclarecimento à direção do hospital, que não soube explicar o que havia ocorrido. No mesmo dia, a outra mãe, Eliete Pereira Braga, sem saber de nada, enterrou a outra criança. Ela é moradora do vilarejo de Taboquinha, pertencente ao município de Padre Bernardo (GO), a 46 quilômetros do DF.
Segundo Eliete, a direção do hospital entrou em contato com ela, explicou a troca e informou que seria necessário exumar o corpo da criança enterrada. “Acredito que o responsável não agiu de má-fé, mas como minha filha estava com a pulseirinha de identificação, eu fico me perguntando como foi que ele não enxergou isso. É algo muito doloroso e que me deixou sem chão”, lamenta. A outra mãe não foi identificada.
A Secretaria de Saúde exonerou no último dia 6 o supervisor de emergência do HRB, por considerar a falha grave e irresponsável. O secretário-adjunto de Saúde, Elias Miziara, considera o caso atípico e informou que foi aberta uma sindicância para apurar o caso. “É um fato lamentável e que não deve mesmo acontecer. O que podemos afirmar é que o erro não foi do sistema público de saúde e sim de uma pessoa”, garante o secretário.
Segundo ele, a pasta abrirá uma investigação para descobrir a causa das mortes. Outra circunstância que não ficou esclarecida em relação à troca é a questão de as crianças terem pesos diferentes. A filha de Eliete tinha três quilos e a outra criança tinha 1,6 quilo.
Demora pode ter sido a causa de óbito
Eliete disse que no dia 18 de abril, data em que a filha nasceu, passou por dois hospitais, e houve uma grande demora para o parto. “Primeiro, a ambulância me levou para o hospital de Padre Bernardo. Lá, fiquei durante um
tempo, e os médicos decidiram me mandar para Brazlândia. Chegando no HRB, fiquei mais um bom tempo aguardando e quando fui atendida já era tarde demais”, lamenta Eliete, que recorda não ter escutado choro da criança ao nascer.
A família está transtornada com a situação, e pede que os médicos tenham mais cuidado em casos como esse para que outras pessoas não sofram o que eles estão sofrendo.