Já se tornou repetitivo dizer que o mercado de tecnologia está recheado de oportunidades e que é preciso se preparar bem para conseguir destaque em meio a uma competição feroz. Mas a tecnologia está em constante mudança, o que pode deixar os profissionais perdidos; afinal, a especialização é necessária? O que fazer para se manter informado sobre as próximas tendências? Quais são as carreiras e empresas que devem despontar no mercado?
É consenso entre especialistas, sejam acadêmicos, pesquisadores ou parte atuante no mercado: quem se interessa por TI não pode abandonar nunca os estudos, pois esta é a medida crucial para permanecer atraente às empresas. E, embora várias áreas novas surjam o tempo todo, as tradicionais continuam importantíssimas para a formação profissional.
A capacidade de programar, por exemplo, é algo que qualquer um deveria saber, na visão do coordenador do curso de Redes de Computadores da BandTec, Sandro Melo. “Programação deveria ser uma habilidade, não uma profissão”, diz ele.
O mercado acompanha esse entendimento. Ernesto Haberkorn, sócio-fundador da TOTVs, alerta que há anos o Brasil sofre um apagão na área de programação e, com o surgimento de linguagens mais sofisticadas, isso piorou. “Tenho programadores recebendo R$ 15 mil, gente de 28, 30 anos. Procuro um que programe em Android e iOS e não acho”, contou ele.
Entendimentos de base precisam ser bem estruturados porque é em cima deles que o profissional vai colocar outros aprendizados. De nada adianta fazer um curso sobre programação para plataformas móveis se a pessoa não compreender o funcionamento cru da programação.
“Muitas habilidades da faculdade realmente são necessárias para que o profissional possa absorver essas novas competências do mercado, que são criadas em cima do que já existe”, explica o professor da BandTec, que ressalta: “A faculdade tem de estar atualizada.”
Habilidades específicas
Mas é imprescindível ter foco. Como a indústria aponta para muitos lados, há oportunidades variadas e o profissional generalista acaba desvalorizado. Criou-se com isso uma situação curiosa em que o profissional maduro fica sem colocação enquanto o mercado sofre com carência de gente especializada.
Dentre as áreas em destaque hoje, e que podem se destacar ainda mais, estão as relacionadas a mobilidade, virtualização, computação em nuvem, big data, internet das coisas, segurança e redes. Esta última, embora esteja em alta, tende a perder relevância no mercado de trabalho a longo prazo, segundo Pietro Telai, gerente de pesquisas da IDC Brasil. “Parte dessas tarefas será automatizada, [é uma área] que não deve continuar crescendo”, afirmou ele à reportagem.
Com um mercado tão dinâmico, o ensino acaba escorregando um pouco das mãos das faculdades, que passam a dividir a responsabilidade com escolas técnicas e, também, com as empresas – algo que Haberkorn, da TOTVs, considera “um absurdo”.
“Boas faculdades precisam manter uma boa relação com a indústria”, esclarece Melo. “As escolas que formam profissionais de TI têm sempre de conversar com as empresas, a não ser que seu único foco sejam as pesquisas. Não precisa mudar o currículo [a cada novidade que aparece], basta repensar o plano de aulas.”
Como se informar
Redes sociais, blogs, publicações em revistas especializadas… as informações sobre vagas e cursos novos aparecem a todo instante, mas é preciso ficar antenado. Pietro Telai, da IDC, aconselha os interessados a se manterem conectados 24 horas por dia, porque o mercado de tecnologia está se espalhando para além das empresas de tecnologia, e só quem estiver atento perceberá.
“Tem empresas já maduras atuando em setores de tendência, as tradicionais de tecnologia. Mas também há novas empresas e novos segmentos”, observa ele. “A área de publicidade, por exemplo, hoje trabalha com big data, tentando desenvolver conteúdo e pesquisas para agregar valor. Durante a Copa teve uma série de empresas gerando propaganda dinâmica, ela era montada em função do que estava acontecendo nos jogos; o famoso marketing 1 a 1, que todo mundo gostaria de ter, só se consegue com uso da tecnolgia.”
Empresas não tradicionais estão entrando e uma área que antes só interessava a nomes como IBM, Cisco, Microsoft, Canonical, Amazon, Google, HP, entre outras. “O uso da tecnologia está tão disseminado que o profissional pode trabalhar num lugar onde ele nunca pensou”, avisa Telai.
Fonte:olhardigital