O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, anunciou nesta quinta-feira, uma nova tentativa de firmar um cessar-fogo com rebeldes pró-Rússia no leste do país.
No último dia 5 de setembro, os dois lados envolvidos no conflito assinaram uma trégua em Minsk, na Bielorrússia, mas a violência não cessou. Desde então, segundo a ONU, quase 1.000 pessoas já morreram.
Poroshenko afirmou que os militares do país fariam “um dia de silêncio” na próxima terça-feira para tentar pôr em prática o acordo de Minsk. Segundo a agência de notícias estatal russa RIA Novosti, líderes rebeldes teriam concordado com a iniciativa.
No entanto, não houve confirmação oficial.
No início dessa semana, outra tentativa de acordo de paz que começaria na sexta-feira fracassou horas depois de ser firmado em meio a novos bombardeios de ambos os lados.
Desde o início do conflito no leste da Ucrânia, mais de 4,3 mil pessoas morreram e mais de 1 milhão ficaram de desabrigados, segundo as Nações Unidas.
O site da Presidência da Ucrânia confirmou que integrantes do governo se reuniram para “discutir medidas para implementar os acordos de Minsk”, com um “dia de silêncio” na terça.
Uma fonte presidencial afirmou à agência de notícias AFP que a Ucrânia começaria a retirar armas pesadas do front de batalha no dia 10 de dezembro, se os separatistas das regiões de Donetsk e Luhansk, no leste do país, cumprirem com o cessar-fogo.
Um dos líderes separatistas pró-Rússia em Donetsk, Andrei Purgin, confirmou o acordo à agência de notícias russa RIA.
Segundo a mesma agência, Igor Plotnitsky, líder da auto-proclamada República do Povo de Luhansk, também teria concordado com um acordo verbal.
No entanto, ele afirmou que não havia “confirmação escrita”.
O acordo de Minsk prevê um zona desmilitarizada de 30 km no leste e limita o auto-governo por separatistas.
Por outro lado, tanto Luhansk quanto Donetsk realizaram eleições no último dia 2 de novembro que a Ucrânia se nega a reconhecer.
‘Cortina de ferro’
A crise na Ucrânia começou no ano passado, quando o então presidente Viktor Yanukovych rejeitou um acordo para estreitar laços comerciais com a União Europeia em favor de uma maior cooperação com a Rússia.
A decisão de Yanukovych provocou protestos pró-UE na capital do país, Kiev, culminando com a renúncia do presidente em fevereiro deste ano.
Nas semanas seguintes, a Rússia anexou a península da Crimeia, no sul da Ucrânia, e separatistas pró-Rússia tomaram o controle de Donetsk e Luhansk, declarando a independência das duas regiões.
A crise causou um forte racha entre a Rússia e os apoiadores da Ucrânia no Ocidente.
O Kremlin negou repetidamente as acusações da Ucrânia e do Ocidente de que teria enviado tanques e tropas à região para ajudar rebeldes.
No pronunciamento anual Estado da Nação, nesta quinta-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou os governos do Ocidente de tentar criar uma nova “cortina de ferro” em torno da Rússia.
Putin condenou as sanções econômicas impostas a partir da anexação da Crimeia, dizendo: “Cada vez que alguém acredita que a Rússia se torna muito forte, muito independente, esses instrumentos são aplicados imediatamente”.
O presidente russo disse também não estar arrependido pela decisão, e acrescentou que o território tinha um “significado sagrado” para o país.
Horas mais tarde, na Suíça, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que o Ocidente não buscava confronto com a Rússia.
“Ninguém ganha com esse confronto…não é nosso objetivo ou desejo ver uma Rússia isolada por meio de suas próprias ações”, afirmou Kerry.
Segundo o secretário de Estado americano, a Rússia poderia ganhar novamente a confiança do Ocidente ao retirar seu apoio aos separatistas no leste da Ucrânia.