A Fundação Hemocentro de Brasília está com reserva baixa de plaqueta, componente do sangue humano empregado em procedimentos pós-operatórios e em pacientes com dengue hemorrágica e câncer, entre outras doenças. Por ser utilizado diariamente pelos hospitais públicos do Distrito Federal e ter validade de apenas cinco dias, esse elemento quase nunca atinge níveis satisfatórios nos estoques do órgão vinculado à Secretaria de Saúde.
Por isso, o local convida homens a doarem. Embora outros hemocentros do país aceitem a doação também de mulheres, o de Brasília não admite. Isso porque, de acordo com informações da equipe médica do órgão, aquelas que engravidaram ou sofreram um aborto podem ter traços de uma patologia que oferece riscos a outras mulheres que, por ventura, recebam as plaquetas. “Existem outros requisitos para a seleção dos candidatos, como pesar mais de 60 quilos e ter realizado ao menos uma doação de sangue na vida”, explica o médico Rodolfo Duarte, gerente do Ciclo do Doador da fundação. A coleta precisa ser agendada.
Nesse tipo de doação (por aférese), retira-se apenas a plaqueta, e o restante do sangue é devolvido ao corpo. O procedimento dura por volta de uma hora. Em cada coleta, o voluntário pode oferecer de 240 mililitros a 480 mililitros, a depender da condição física. Entre uma doação e outra, é necessário um intervalo de 30 dias.
Visitas periódicas
O analista de suporte Márcio Júnior, de 26 anos, começou a doar depois que um parente precisou de plaquetas em um procedimento pós-operatório. Desde então, sempre reserva um dia por mês para fazer a retirada do sangue. “Pode não ser agora, mas, em algum momento, nós ou algum familiar vamos precisar desse ou do sangue de outra pessoa”, justifica.
Voluntário há mais de um ano, o técnico em telecomunicações Filipe Santarém, de 33 anos, também visita o hemocentro com frequência. “Na minha última vinda, fui informado dessa possibilidade e, como bimestralmente venho doar, optei pela doação de plaquetas. Não dói e ocupa apenas alguns minutos do dia.”
Dengue hemorrágica
De acordo com o professor da Universidade de Brasília e médico hematologista Marcelo Tha Accioly Veiga, um dos exemplos clássicos da falta de plaquetas é na dengue hemorrágica, quando há redução do elemento, e o paciente pode ter sangramentos em várias partes do corpo, como nariz e ouvidos. Em relação às doenças que mais necessitam diretamente da aplicação de plaquetas, Veiga destaca leucemia, linfomas e câncer com infiltração de medula. Nos casos de pós-operatórios, os pacientes que se submetem a transplantes de medula óssea podem precisar desse componente sanguíneo.
O especialista alerta que intensificar a doação é fundamental para suprir os estoques durante todo o ano, mas principalmente nos períodos em que diminui o número de voluntários no Hemocentro: “São as semanas antecedentes e subsequentes às festas de fim de ano e carnaval.”
Sangue tipo O
O Hemocentro de Brasília faz outro chamamento aos moradores do DF. De acordo com a fundação, todos os tipos de sangue são bem-vindos, mas há demanda maior para o fator negativo, principalmente do sangue tipo O. “É de doação universal. Em muitos casos, como nos acidentes, a urgência de uma transfusão é enorme e não há tempo hábil para se verificar o tipo sanguíneo do paciente. Em situações como essas, sempre é utilizado sangue O negativo. Pedimos que todos, homens ou mulheres, com essa especificidade sanguínea sejam doadores frequentes do hemocentro. Podem salvar muitas vidas”, conclama Rodolfo Duarte.