Mesmo após Ministério Público Estadual (MPE) e Ministério da Agricultura garantirem que não haveria mais risco de haver leite contaminado no mercado, consumidores de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná ficaram sabendo ontem que podem ter consumido mais 990 mil litros do produto com presença de formol.
Em anúncio publicado no jornal Diário Gaúcho, a Vonpar, responsável pela produção da marca Mu-Mu, comunicou que “foi identificada a possibilidade da presença” da substância cancerígena em outros lotes e convocou os consumidores que tivessem algum produto identificado entre os com problema para trocar o produto.
Diante do novo episódio, a sombra da desconfiança volta a assombrar o mercado de leite. Em 8 de maio, foi deflagrada a operação Leite Compen$ado, para investigar fraude que consistia em acrescentar água no leite para aumentar o volume do produto. Para mascarar a diluição, ureia com formol era acrescenta à mistura, fornecendo produto com potencial de risco à saúde.
Naquela data, além da Mu-Mu, outras marcas tiveram lotes retirados do mercado, como Líder e Italac. A empresa Latvida, que envasava ao leite Hollmann, Goolac, Só Milk e Latvida, foi proibida de vender qualquer marca. Ontem, a Mu-Mu informou que os lotes teriam passado pelos testes exigidos pelo Ministério da Agricultura antes de serem embalados, mas “em procedimento de rotina” foi identificada a possível presença do formol.
– Ninguém tem condições de afirmar que não tem produto contaminado na praça. Cabe às empresas fazerem isso – afirmou ontem o superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, Francisco Signor.
Conforme Signor, a Vonpar procurou o órgão após a divulgação da operação Leite Compen$ado, afirmando que haviam sido detectados novos problemas com lotes de leite e procurando orientação sobre como proceder. O caso foi encaminhado para a área técnica do ministério, que teria se limitado a emitir uma nota técnica.
MPE deve propor termo de ajustamento de conduta
O alerta sobre o risco de novos lotes contaminados ocorreu no mesmo dia em que o promotor de Justiça Especializada de Defesa do Consumidor Alcindo Bastos recebeu representantes da Vonpar na sede do MPE em Porto Alegre.
O Ministério Público deve estipular uma multa à empresa por dano moral coletivo e propor a assinatura de um termo de ajustamento de conduta para ampliar o controle sobre transporte, produção e armazenamento do leite pela empresa, além da aferição dos equipamentos do laboratório onde são feitas as análises.
As indústrias não são alvo direto da investigação na operação Leite Compen$ado, mas deveriam ter detectado a presença de substâncias proibidas no leite recebido dos transportadores.
De acordo com Bastos, o documento com as propostas deverá ser encaminhado à empresa até sexta-feira e a companhia terá então 10 dias para se manifestar sobre o conteúdo. Caso os termos não sejam aceitos, o MPE deve entrar com ação judicial contra os envolvidos