Rigoroso para cobrar, o GDF não deu o bom exemplo na hora de cumprir seus compromissos financeiros.
Nos meses de novembro e dezembro do ano passado, o governo deixou de recolher sua parte da contribuição da Previdência Social de 130 mil servidores públicos. Uma dívida com o funcionalismo de R$ 365,4 milhões.
E dentro do princípio do devo, não nego, pago quando puder, o GDF admitiu o calote no Diário Oficial desta terça (30) – num sugestivo documento batizado de confissão de débito. E avisou que vai pagar essa conta em 60 prestações mensais, corrigidas pelo INPC, com incríveis taxas de juros que podem chegar a 80% ao ano, que superam em quase seis vezes a famigerada Selic. Ou seja, todos nós brasilienses vamos dividir essa conta.
O valor será recolhido junto ao Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprev), que administra o pagamento de aposentadorias e pensões dos funcionários públicos locais.
É a primeira vez, desde 2008, quando foi criado o órgão, que o GDF se vale de uma manobra financeira como essa.
A tal “confissão espontânea” do GDF tem uma explicação: o acordo evita a inscrição do governo brasiliense no cadastro de inadimplentes da Previdência Social. Somente quando não está negativado, pode pedir empréstimos de bancos oficiais, além dos internacionais.
O Palácio do Buriti informa que por causa do montante da dívida “expressiva” precisou parcelar, e garante que está com os pagamentos em dia desde janeiro.
O atraso no recolhimento deixou sindicatos que representam o funcionalismo público de cabelo em pé. Imagina se a moda pega!