A alta do dólar, que ontem fechou a R$ 3,99, atrapalha a vida de todos os brasileiros, que sentem o peso da moeda no dia a dia, desde que acordam até a hora de dormir. O que varia é a dimensão desse impacto. “Ninguém se livra inteiramente dessa influência, mas o tamanho dela depende da estrutura de consumo de cada família”, disse o professor de finanças da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli.
Ao comprar produtos importados, o efeito é facilmente visível: os preços aumentam de acordo com a cotação da moeda. “À medida que o mercado do país se abre, caso do Brasil, a tendência é que as pessoas consumam maior diversidade de produtos estrangeiros, que são diretamente impactados”, alertou o professor, citando alimentos como azeite, frutas secas, nozes e amêndoas, tradicionalmente importados. Como o Brasil importa aproximadamente metade do trigo consumido no país, o reflexo também é inevitável em pães, biscoitos e massas.
Produtos complexos, como eletrônicos, eletrodomésticos e veículos, mesmo quando são feitos no país, incluem muitas peças vindas do exterior. Assim, a variação cambial tende a impactar fortemente o preço final.
Outro fator que atinge os consumidores é o fato de que, quando vale mais a pena vender os produtos nacionais no exterior, os produtores sobem o preço no mercado nacional. Ou seja, tanto os produtos importados quanto os exportados tendem a ficar mais caros quando o real está valendo pouco.