Campanha no Metrô-DF arrecadou mechas para a fabricação de perucas
Pelo menos 300 pessoas doaram mechas de cabelo, durante a campanha Corte e Compartilhe, a serem usadas na fabricação de perucas para vítimas de câncer. A ação ocorreu em quatro dias de outubro (19, 20, 26 e 27), na Estação Central do Metrô, na Rodoviária do Plano Piloto, e foi organizada pela Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) em parceria com a organização não governamental Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília e a iniciativa privada. Depois de confeccionadas, as perucas serão doadas a mulheres atendidas no Hospital de Base do Distrito Federal.
A recepcionista Angélica Cordeiro, de 26 anos, foi uma das pessoas que contribuiu para a campanha. Ela explicou que já planejava doar o cabelo para fábricas de peruca e, ao saber do projeto pela internet, decidiu ir ao metrô. “Cresce tão rápido e, para mim, não fará diferença. Espero que ajude a quem precisa”, disse Angélica, depois de ceder a maior parte do cabelo preto e liso que passava do meio das costas antes do corte.
Incentivado pelo namorada a comparecer à Estação Central, o estudante João Paulo, de 21 anos, também aproveitou o evento para cortar o cabelo. Chegou com um longo rabo de cavalo e saiu com as mechas cacheadas acima do ombro. “Acho muito importante para a autoestima de quem perde o cabelo. Gostei da iniciativa”, elogiou.
Rebeca Bitencourt só tem cinco anos, mas isso não impediu a garotinha de cabelos lisos e castanhos de participar da campanha. Segundo a mãe da criança, Joelane Bitencourt, desde o início do ano as duas já planejavam fazer uma doação perto do Natal. “Ela entendeu que vai para outras crianças também e está muito feliz em ajudar”, contou Joelane.
Solidariedade
De acordo com a coordenadora da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília, Darcy Ribeiro, as perucas devolvem a autoestima à mulher que perde os cabelos por causa da doença. “É uma ação de importância grandiosa para a mulher, principalmente quando é natural e voluntária. A doação é um ato de amor.” A organização não governamental apoia há 19 anos mulheres no Hospital de Base do Distrito Federal.
A colaboradora do governo Márcia Rollemberg também esteve no evento. Segundo a esposa do governador, a campanha pode ser analisada positivamente pela repercussão que obteve. “Temos um indicador da capacidade solidária do brasiliense. É um evento bonito e importante, em que podemos catalisar a energia positiva do outro”, avaliou.
Para o presidente do Metrô-DF, Marcelo Dourado, a Estação Central é o ambiente ideal para fazer uma campanha desse tipo, já que tem um movimento diário de aproximadamente 200 mil pessoas. “O que me marcou foi o espírito de doação. Uma solidariedade que independe do sexo e da idade.”
O empresário e cabelereiro Hélio Nakanishi afirma que estimula ações com esse propósito e as denomina de “ciclo do bem”. “Receber um cabelo novo corresponde a renascer. O cabelo não é só relacionado com vaidade, mas também com alegria”, disse Nakanish, que contribuiu com alguns cortes.
As mechas arrecadadas vão ficar armazenadas no Metrô para serem entregues à Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília. Segundo a companhia, ainda não há data definida para a entrega das perucas devido à paralisação de parte dos servidores do Hospital de Base.