Ancorada na proposta de combinar sempre um clássico da história da música com a produção contemporânea, a Sociedade de Concertos de Brasília (SCB) reúne hoje, em um mesmo programa no Auditório da Embaixada de Portugal, o clássico Beethoven e o contemporâneo Joly Braga Santos. A intenção do maestro Osvaldo Ferreira, que rege um grupo de 32 músicos, é estimular a formação de público e atender a uma demanda que ele acredita ser latente em Brasília.
De Braga Santos, a SCB toca o Divertimento para orquestra op 36, peça em três movimentos que faz alusão a brincadeiras infantis e reúne as características mais marcantes da obra do compositor. Braga Santos foi aluno do compositor português Luís de Freitas Branco, mais importante nome da música portuguesa do início do século 19, cujo contato com Claude Debussy e com o impressionismo francês deixou marcas significativas. Morto em 1988, Braga Santos passou por alguns anos de isolamento e desconhecimento na cena portuguesa por conta de um exílio forçado em consequência da perseguição do regime do ditador Antonio de Oliveira Salazar.
O Divertimento, escolhido para o concerto de hoje — e gravado em disco pelo maestro com a Orquestra Sinfônica da Venezuela —, carrega um colorido típico de Braga Santos. “É uma obra cheia de vida, como se fossem crianças que brincam o tempo todo, com toda a rebeldia e a ternura das crianças”, avisa Ferreira, que costuma falar um pouco sobre as peças antes da execução para despertar o interesse do público. Já aSinfonia nº 2, de Beethoven, carrega os tons da transição da música clássica para a romântica e foi escrita num momento dramático, quando o compositor começava a perder a audição.