Provável aliança reuniria os conservadores, mas desafio é escolher apenas um para comandar possível chapa
Os partidos que se colocam como oposição às esquerdas devem se unir para fortalecer uma aliança com vistas nas eleições de 2018. O desafio é convencer todas as forças políticas a se unirem em prol de um projeto, já que vários querem ser protagonistas. O primeiro passo é aglutinar o PP em torno de uma proposta que vem sendo construída, aos trancos e barrancos, entre DEM e PMDB. Caciques dos dois partidos, que já se digladiaram, parecem ter entendido que somente juntos poderão retomar o poder.
O deputado federal Alberto Fraga (DEM) aposta na “total possibilidade de uma aliança”. Ele, que chegou a disputar com o PMDB o comando do PP, disse que abriu mão por entender que a saída dele do DEM “causaria uma ruptura”. Ele também reconhece que uma briga de egos poderia naufragar o projeto, com uma disputa “interna” pelos cargos majoritários.
Fraga defende que o candidato ao governo seja definido a partir de uma pesquisa. “O que tiver mais densidade política e tenha bom índice de aprovação é quem apoiaríamos”, planeja. “Queremos, com a união do grupo, escolher o melhor nome, o desempedido”, cita ele.
Sobre a possibilidade de ele mesmo encabeçar uma chapa, ele desconversa, com alguma modéstia. “Quem sou eu para dizer isso? Eu espero que as pesquisas digam. São elas que vão balizar nossa escolha”.
Tamanho é o de menos
Os tamanhos dos partidos, ele opina, também não devem ser levados em consideração nesta aliança. “O tempo de TV não deve ser usado como critério”, citou, lembrando que, quando Joaquim Roriz se candidatou pela última vez, ele estava no PSC. “E o (José Roberto) Arruda no PR”.
A possibilidade de Arruda e Roriz, com seus grupos políticos, participarem dessa mega aliança para 2018 é certa, na opinião de Fraga. “Estamos trabalhando para isso”, diz. “Nós temos todos a mesma origem. Surgimos no governo de Roriz”, recorda.
A recente filiação da distrital Liliane Roriz ao PTB foi uma prévia do que pode ser o cenário das próximas eleições no DF. Além de Fraga e do ex-candidato ao GDF, Jofran Frejat, passou por lá o deputado federal Izalci (PSDB), que exaltou, em discurso, a importância de Roriz para o DF. O ex-senador Gim Argelo, presidente do PTB-DF, ressaltou que a presença de Liliane no partido representa a força da “mais importante família do Centro-Oeste”.
Decisões friamente calculadas
Presença certa no comando do PP-DF nos próximos dias, o deputado federal Rôney Nemer diz que a saída do PMDB passa por muitas reflexões. Ele tem até o dia 18 de março, quando acaba a janela partidária, para deixar a legenda atual, junto com os apoiadores, que, nas contas do deputado, representam 40% das zonais do PMDB no DF. “Faço política em grupo”, observa.
Nemer diz que os passos devem ser dados com sensatez. “Uma vez a pedra movida, não tem volta”, argumenta, citando que o novo partido deve acolher toda sua estrutura. “Mas eu preciso saber se as pessoas querem ir comigo. Seria leviano da minha parte desconsiderar meu grupo político”.
Com os acertos para filiação ao PP, Nemer diz que foi preciso fazer uma reunião no PMDB para esclarecer que não é “traíra” e que sua saída é fruto de acordo dentro do próprio partido. “Será uma ida consensuada com o PMDB”, reitera.
A reportagem tentou entrar em contato com o ex-vice-governador Tadeu Filippelli, mas ele não retornou as ligações.
Aliança passa pelo PP
Com a janela partidária, veio a possibilidade de os mandatários trocaram de legenda e de estabelecerem acordos antecipados. Assim, o PMDB e o DEM travaram uma verdadeira queda de braço para comandar o PP.
A briga era entre Fraga e o deputado federal Roney Nemer (PMDB), mas Fraga recuou. A presidência caiu no colo do fiel escudeiro de Filippelli, que deve permanecer no PMDB até 12 de março, quando o partido faz a convenção nacional. Ele terá direito a três votos no colegiado que deve reconduzir o vice-presidente Michel Temer ao comando da sigla.