Verba será usada também para doenças causadas pelo Aedes aegypti. Liberação ocorre em partes até 2018; para este ano, serão R$ 305 milhões.
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (23) investimentos de R$ 1,2 bilhão em pesquisas e fomento à produção de alternativas de combate ao vírus da zika e às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O montante corresponde ao Eixo de Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes aegypti e à microcefalia.
Do valor, cerca de R$ 650 milhões sairão dos ministérios de Ciência e Tecnologia, Educação e Saúde para investimentos em pesquisa. Serão R$ 305 milhões em 2016, R$ 162 milhões em 2017 e R$ 136 milhões em 2018. Outros R$ 45 milhões serão usados após esse período para custear bolsas de mestrado e doutorado iniciadas nos próximos anos, segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera.
O montante total também inclui R$ 350 milhões serão disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e R$ 200 milhões, pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O cronograma de liberação desses recursos não foi divulgado na cerimônia no Palácio do Planalto. Esse valor vai custear a produção de vacinas, testes de diagnóstico ou estratégias de combate ao mosquito Aedes, conforme as pesquisas forem concluídas.
“[O plano] coloca o Brasil num patamar de pesquisa de ponta no mundo todo. O zika ainda é desconhecido, precisa de uma extensa e profunda abordagem. Não existe literatura sobre esse vírus, precisamos construir uma literatura. O governo agiu muito rápido no que tange ao combate ao mosquito, com as diversas ações de conscientização, ações praticadas pela presidente Dilma, com ministros se deslocando para o país inteiro, mas agora vamos para outro patamar”, o ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera.
As pesquisas deverão focar o mosquito Aedes e as doenças que ele transmite: dengue, chikungunya, zika e febre amarela. O plano inclui desenvolvimento de tecnologias de diagnóstico das doenças; aperfeiçoamento das metodologias de diagnósticos dos agravamentos; estratégias para combate ao vetor (Aedes aegypti), estudos da relação do zika com outras doenças, como a microcefalia; desenvolvimentos de vacinas e tratamentos; inovação em gestão de saúde e saneamento.
O ministro afirmou que o combate ao Aedes aegypti não pode ficar restrito às campanhas de conscientização dos moradores. “Temos que fazer um combate muito duro a ele [Aedes], e sabemos que a gente conscientizar o cidadão no combate diário, oito, nove meses depois, essa situação volta a se estabalecer. Queremos ter estratégias definitivas”, disse Pansera.
Microcefalia
O Ministério da Saúde está investigando, em todo o Brasil, 4.293 casos suspeitos de microcefalia em fetos e recém-nascidos. Dos casos já analisados, 907 foram confirmados e 1.471 descartados. Desde o início da investigação, foram notificados 6.671 casos suspeitos de microcefalia. Os dados foram divulgados nesta terça (22) pela Saúde.
Os casos descartados apresentaram exames normais ou microcefalias e outras alterações no sistema nervoso central por causas não infecciosas. O ministério diz estar investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, informados pelos estados, e a possível relação com o vírus da Zika e outras infecções congênitas.