Em abril, aumento foi maior em saúde e cuidados pessoais e bebidas e alimentação, além de comunicação
A notícia não é boa. A inflação em abril cresceu 0,31% em relação ao mês anterior no DF. O número, divulgado ontem pela Companhia de Planejamento (Codeplan), no entanto, não surpreendeu os brasilienses. Nas ruas, eles dizem ter sentido o aumento no bolso há algum tempo.
Segundo a Codeplan, no mês passado, a variação foi de 0,43%, contra 0,12% registrado em março. Os resultados foram calculados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre as áreas mais afetadas pelo crescimento da inflação estão os setores da saúde e cuidados pessoais (2,04%); comunicação (2,43%); e alimentação e bebidas (1,09%), sendo esse o que mais contribuiu para o resultado mensal, com 0,25%. A queda só foi registrada nos campos de habitação (-0,36%) e vestiário (-1,03%).
Ainda de acordo com o estudo, verifica-se que a alimentação no domicílio aumentou 1,10%, enquanto que fora de casa, 1,07%. Nas residências brasilienses, os itens de maior alta foram hortaliças e legumes (5,05%); pescados (4,65%); frutas (4,33%); sal e condimentos (2,93%); e aves e ovos (2,15%).
A consequência é a perda do poder de compra do consumidor, ressalta o diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, Bruno de Oliveira Cruz. “É um período de dificuldades. As pessoas estão cortando gastos. A perspectiva para o fim do ano, pelo menos, é uma inflação menor do que o ano passado, ainda que acima da meta e das progressões do Banco Central, de 6%. A nossa está em 7%”, diz.
Vegetais mais caros
O economista da Central de Abastecimento do DF (Ceasa) João Bosco Soares Filho detalha os produtos que sofreram os maiores impactos. Entre os legumes, os mais caros são a abóbora japonesa, a berinjela e a batata lisa. No caso das verduras, a couve manteiga, o repolho e o espinafre foram os que tiveram o maior aumento. Entre as frutas, o destaque vai para a goiaba, o limão e o morango.
“É importante que o consumidor faça uma pesquisa de preço e identifique a melhor época para adquirir um determinado produto. Isso pode, inclusive, fazer com que ele diversifique a alimentação”, ressalta.
Em um supermercado no Cruzeiro, o auxiliar administrativo Ian Luna, 29 anos, já segue os conselhos. Ele garante que analisa os preços antes de fazer as compras da semana. “Hoje, eu tenho menos produtos no meu carrinho, mas pago mais ao fechar a conta. O limão, a manga, a uva e a berinjela aumentaram muito. Eu não deixo de levar nada, mas diminuí a quantidade. Se antes eu levava dois cachos de banana, agora, eu levo apenas um”, relata.
O auxiliar administrativo deixou de fazer compras mensais. “Assim, consigo pegar ofertas interessantes. Cada dia é melhor para comprar um determinado produto”, conclui.
Saiba mais
A inflação nacional também aumentou de um mês para o outro. Segundo estudo da Codeplan, o IPCA/Brasil computou alta de 0,61% em abril, ou seja, um crescimento de 0,18% em relação ao índice de março deste ano.
Brasília apontou a segunda menor variação mensal entre as 13 localidades pesquisadas pelo IBGE, ficando acima apenas de São Paulo, que registrou variação de 0,36%.
Muito embora o IPCA/Brasília tenha registrado aceleração de março para abril deste ano, a variação de 0,43% – ou seja, crescimento de 0,31% – para o mês passado é a menor desde 2009, quando registrou alta de 0,35%.