Ainda experimental, a embolização bariátrica arterial é um procedimento minimamente invasivo que reduz a sensação de fome em pessoas obesas, ajudando na perda de peso. O método oferece menos risco do que as técnicas cirúrgicas tradicionais.Trinta por cento da população mundial está obesa e, embora tenha aumentado a oferta de tratamentos e de medidas preventivas, os médicos assistem, de mãos atadas, ao agravamento de uma epidemia associada a doenças graves, como diabetes, problemas cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Para tentar reverter os riscos em grupos de indivíduos com índice de massa corporal acima de 40, que caracteriza o grau máximo de obesidade, pesquisadores estão desenvolvendo novas técnicas que visam à perda de peso duradoura. Um procedimento experimental minimamente invasivo desenvolvido pela Faculdade de Medicina Icahn de Monte Sinai e pela Universidade de Johns Hopkins, nos Estados Unidos, conseguiu reduzir a sensação de fome nesse tipo de paciente, com um nível de segurança maior que as técnicas cirúrgicas tradicionais.
Apresentado recentemente no encontro científico anual da Sociedade de Radiologia Intervencionista, no Canadá, o método é conhecido como embolização bariátrica arterial, e já é realizado em testes com humanos desde 2013. A ideia é tratar pacientes com obesidade mórbida atacando a sensação de fome associada ao hormônio grelina, produzido na mucosa gástrica. Recentemente, esse peptídeo foi apontado como um regulador do apetite e da homeostase energética, processo pelo qual o cérebro regula a ingestão e o gasto de energia.
A técnica, desenvolvida no Johns Hopkins, tem como alvo as células que produzem a grelina, alcançadas pela embolização. Esse processo, minimamente invasivo, leva para as células um material que bloqueia o fluxo sanguíneo. Para isso, é feito um pequeno corte no pulso do paciente, onde se introduz um cateter, direcionado ao fundo gástrico, parte superior do estômago perto da entrada do esôfago, onde o hormônio é produzido. A embolização causa uma isquemia nesse local, reduzindo, dessa forma, os níveis de grelina e, consequentemente, reduzindo o apetite. Até agora, o estudo, chamado Beat Obesity, já incluiu três ensaios clínicos, todos com sucesso e sem efeitos colaterais significativos.