A um dia para o início da Copa das Confederações, Brasília, entre muitos outros problemas, tem que lidar com os poucos táxis disponíveis para os usuários do serviço. O atraso pode chegar a 30 minutos em horários de pico. É o que confirma o Sindicato dos Permissionários de Táxis e MotoristasAuxiliares do DF (Sinpetaxi). Já os usuários disse que a demora é ainda maior.
A estimativa é que o Distrito Federal tenha 3,4 mil táxis circulando – o aeroporto concentra 1,2 mil do total. A relação é de um táxi para 755 moradores na região. Para o especialista emtransporte e pesquisador associado à Universidade de Brasília (UnB), Flávio Dias, seria necessário, no mínimo, mais 600 táxis para suprir a demanda. Desde 1979, o número de táxis é o mesmo no DF.
A constatação veio do pesquisador. “A quantidade de táxis é abaixo do necessário. Nesse período, a população quase dobrou, mas o quantitativo é o mesmo. O poder aquisitivo aumentou já que a demanda do serviço tem a ver também com maior renda”, explica.
Por isso, as frequentes reclamações do transporte. “Agora, na Copa das Confederações só vai ter táxi para rodar no centro. Ou seja, quem precisar ir para outras regiões administrativas não vai encontrar. Hoje, em horário de pico já falta táxi”, explica Dias.
De acordo com a Secretaria de Turismo, a capital federal espera receber 15 mil visitantes na Copa das Confederações. O aposentado Nonato Miranda, 74 anos, lamenta a falta de táxi. “Até agora não foi feito nada de concreto. É triste. Do jeito que está fica difícil para a população e ainda mais para os turistas”, reclama.
Sempre que precisa do serviço, o aposentado se lembra de pedir com a maior antecedência possível para não atrasar o compromisso. “Uma vez, eu estava passando mal e precisava ir ao hospital. Resolvi pedir um taxi. Só não contava que iria demorar 40 minutos. Não imaginaria nunca ter esse transtorno, ainda mais doente”, lamentou.
Quando o taxista chegou, a desculpa foi a de que ele havia demorado por não conseguir encontrar o endereço. “Acredito que tenha sido somente uma maneira de tentar justificar. O problema é que não tem mesmo táxi para todo mundo”, acredita Nonato.
O Sinpetaxi garante que o problema não é falta de carros. “Perto da hora do almoço o trânsito engarrafa. A depender do horário, quando um taxista leva um passageiro em um lugar e quando volta para pegar outro, o cliente desistiu pelo atraso”, afirma Maria do Bonfim Pereira, presidente do sindicato.
Já o pesquisador Flávio Dias acredita que a categoria ainda é bloqueada. “Várias lojas do mesmo ramo concorrem entre si. No táxi, é proibido dar desconto, por exemplo”, fala. “Os valores são caros e deveria ter categoria popular”, cita.
Maria do Bonfim diz que é preciso aguardar a atualização cadastral que começou em janeiro. “Só assim vamos saber quantos táxis circulam”, comenta. O sindicato acredita que 80% dos taxistas, ou seja, dois mil, concluíram o curso de qualificação para a Copa (Qualificopa).
Há 30 anos a aposentada Mayalú Cavalcante, 58 anos, usa táxi diariamente. A insatisfação é grande. “Recentemente, pedi um táxi e depois de esperar uma hora, o carro não chegou”, reclama. Mayalú acredita que um treinamento ajudaria os taxistas a lidar melhor com os clientes. “Eu não dirijo, então uso táxi bastante e já vi de tudo”, fala.