Ela canta nesta quinta no Ulysses Guimarães; ‘show é revelador’, diz artista. Setlist tem hits com Junior, sucessos, covers e novas como ‘Me espera’.
vésperas de lançar o CD/DVD “Meu canto – Ao vivo”, a cantora Sandy desembarca em Brasília nesta quinta-feira (2) para show no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, às 21h. A apresentação é a primeira da turnê fora do eixo Rio-São Paulo.
A lista de canções inclui faixas dos dois álbuns de estúdio dela, “Manuscrito”, gravado em 2010, e “Sim”, de 2013. “Pés cansados”, “Quem sou eu”, “Ela/ele”, “Aquela dos 30”, “Escolho Você” e “Ponto final” estão no espetáculo.
“All star”, de Nando Reis, e “Cantiga por Luciana”, gravada por Evinha – sugestão de Zé do Rancho, avô de Sandy, quando ela ainda era criança, são os covers. Da dupla com o irmão Junior estão “Nada é por acaso” e “Desperdiçou”.
Também fazem parte do show as inéditas “Salto”, “Colidiu”, “Respirar”, “Meu canto” e “Me espera”, parceria com o músico Tiago Iorc. O músico foi convidado a compor junto depois que Sandy assistiu a um show dele.
“Eu não conhecia o trabalho dele até o ano passado, ele atua mais na cena alternativa, mas quando a gente viu já teve a ideia de chamá-lo. A gente fez o convite no mesmo dia do show de Campinas.”
Esse “a gente” de que fala Sandy inclui o marido dela, o músico e produtor Lucas Lima. A canção foi feita à distância, via e-mails e mensagens. A parceria deu tão certo, que Tiago Iorc participou também do DVD – que tem também Gilberto Gil na faixa “Olhos meus”.
O trabalho foi gravado nos dias 14 e 15 de novembro de 2015, no Teatro Municipal de Niterói. O álbum tem direção de Raoni Carneiro.
Fase ‘preguiçosa’
Quem se lembra de Sandy ao lado do irmão gravando discos, participante de programas de TV, com carreira internacional, atuando em novelas, fazendo tudo ao mesmo tempo, ainda na adolescência, pode estranhar que ela hoje esteja mais “tranquila”. Com um filho à beira dos 2 anos, ela diz querer mais tempo para vida pessoal.
“[O período de maior atividade ao lado de Junior] foi uma época que eu não conseguia quase nem namorar. Não tenho o mesmo pique, hoje tenho minha família, tem o Theo [filho dela]. Acho que estou um pouco preguiçosa, quero mais é estar com ele”, diz Sandy.
Mãe, mulher, cantora e jurada do programa Superstar, da TV Globo, entre outras coisas, ela voltou para a estrada em maio, quando apresentou “Meu canto” duas vezes no Tom Brasil, em São Paulo, e duas vezes no Viva Rio, na capital fluminense – inicialmente estavam previstos dois dos quatro shows, mas a grande procura fez com que mais duas datas fossem agendadas, também com lotação máxima.
Para ela, o novo espetáculo é uma realização, e a resposta dos fãs tem sido a melhor possível. “Eu sou antenada com a reação das pessoas, ouço muito os comentários, eles dizem que estou em uma fase mais madura”, diz.
“Tem muito de mim nesse show, acho que os fãs gostam pelo fato de que é um show muito verdadeiro, revelador. É muito ‘para dentro’. Eu estou muito de verdade, inteira no palco. Amo do fundo do coração, por essas músicas que canto, por transmitir para as pessoas, ouvir elas falando bem. Em São Paulo e no Rio eu saí do show ‘sonhando’, ‘nas nuvens’.”
Fãs e ídolos
Aos 33 anos, 25 deles dedicados à vida artística, Sandy viu o público se transformar com as mudanças no estilo e nos rumos do trabalho. Mesmo assim, ela diz que boa parte da plateia de hoje estava presente no início da carreira. Segundo a cantora, 30% do público são fãs “desde o comecinho”.
“Outros 40% são desde ‘As quatro estações’ [álbum de Sandy & Junior de 1999]. O resto é fã novo”, diz rindo. “A idade do meu público, que eu vejo, é uma galera de 25 e 35 anos, essa é a faixa predominante.”
Vinda de um berço sertanejo, a cantora se tornou mais pop no fim dos anos 1990 e foi ampliando o leque musical desde então. Hoje, ela diz não conseguir definir qual estilo segue.
“Não e nem tento. Rótulo pode limitar um pouco. Hoje em dia a música está muito aberta, muito democrática. Gosto das misturas, a música enriquece”, diz.
Mesmo sem definir o tipo de som que faz, ela sabe da importância daquilo que ouve, das canções e gêneros que acabam influenciando sua arte, ainda que de “maneira subjetiva”, no “subconsciente”. O pop folk britânico é considerado o preferido, mas ela cita artistas de diversas vertentes como músicos que gosta de escutar.
“Gosto de KT Tunstall, Damien Rice, de rock alternativo. Gosto de Muse, Coldplay eu amo,Radiohead, Diana Krall”, afirma. Ela também fala de MPB, de Elis Regina em especial, e de jazz. “Amo Ella Fitzgerald.”
Exposição e polêmica
Neta, filha, sobrinha, irmã e mulher de artista, e cantora desde a infância, Sandy sempre esteve próxima dos holofotes. Apesar disso, ou até por isso, ela nunca deixou que aspectos da vida pessoal estivessem um plano à frente em relação à música, mesmo com o assédio de fãs e imprensa.
“A gente [ela e Junior] foi crescendo muito exposto e encontrando o nosso jeito de lidar com a superexposição, a fama”, diz. “O jeito que eu consegui lidar com essa vida, com a parte pública, pois considero que são duas pessoas diferentes, foi me preservar.”
Uma das situações em que a vida pessoal causou polêmica foi quando a cantora deu uma entrevista a uma revista masculina. Segundo a publicação, Sandy disse ser possível ter prazer com sexo anal.
“Aquilo foi uma armadilha. Eu me senti um pouco sacaneada, um pouco sabotada até. Em nenhum momento eu expus minha vida pessoal, algo que pudesse me comprometer. [A resposta] foi tirada do contexto. Eu não estava falando de mim, estava falando no geral.”
Sandy diz que “boatos e invenções” eram inevitáveis na vida dela e do irmão porque eles não “davam notícia”. “Não tinha polêmica, então as pessoas inventavam polêmica.”
O modo reservado chegou a ser questionado até por assessores de imprensa, segundo a cantora. “Diziam: ‘olha, eu acho que tem que fazer tal coisa’ e a gente pensava: ‘será que está certo?’ A gente foi percebendo, achava aquilo muito errado”, afirma.
“Chegaram a dizer que a gente devia ir mais em baladas. A gente não vai fazer nada artificial, nenhuma atitude para tentar manipular uma situação. As pessoas vão enxergar a gente do jeito que a gente é.”
Para Sandy, a atitude foi correta e que hoje ela se sente tranquila e feliz por nunca ter se envolvido em polêmicas. “E mais livre também”, diz. “Eu não abro mão de ser eu. Acho que é muito caro o preço que se paga e é mais precioso ser quem a gente é. Quero ser julgada é pelo meu trabalho.”
‘Meu Canto’ – show da cantora Sandy
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Endereço: Eixo Monumental, Brasília
Data: quinta (2)
Horário: 21h
Ingressos: pela internet
Telefone: (61) 3214-2744