A Polícia Civil do Distrito Federal informou nesta segunda-feira (17) que investiga a origem de R$ 30 mil supostamente destinados a financiar a manifestação ocorrida na sexta-feira (14) em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha. No protesto, as seis faixas do Eixo Monumental foram fechadas por manifestantes, que atearam fogo a pneus.
Segundo o diretor-geral da corporação, Jorge Xavier, a polícia tem provas de que o protesto foi financiado e que pessoas ligadas a parlamentares podem estar envolvidas com o movimento. Xavier não informou o nome dos parlamentares para qual os suspeitos trabalham.
De acordo com ele, manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) teriam recebido de R$ 250 a R$ 300 para comparecer ao protesto e queimar pneus. Ele explicou que receber ou pagar a alguém para participar de protestos não é crime, mas financiar dano ao patrimônio público, sim.
Cinco pessoas foram detidas na sexta-feira, entre elas o motorista do caminhão que transportou os pneus até o local. Elas afirmaram terem sido enganadas e que não sabiam para que os pneus seriam usados. Segundo Xavier, pelos relatos dessas pessoas foi possível identificar nove lideranças do movimento, das quais pelo menos três são ligadas a parlamentares.
A polícia investiga também a participação do ex-servidor da Presidência da República Gabriel Santos Elias no protesto. Segundo Xavier, Elias foi exonerado em maio e é líder do movimento Copa para Quem?. O grupo faz parte do Movimento Brasil e Desenvolvimento, liderado por estudantes e ex-estudantes da UnB, entre eles Elias.
“Embora tenha dado entrevista ao lado do incêndio, embora tenha feito contato com MTST para fundir os dois movimentos, a gente não pode dizer que ele participou do incêndio”, disse Xavier. “Ele vai ser intimado para prestar declarações em relação ao crime”, afirmou. A polícia procurou líderes do MTST neste fim de semana para prestar esclarecimentos, mas não conseguiu encontrá-los.
“Ainda não recebi nenhuma informação oficial a respeito disso. Não tive nenhuma participação no ato de queima de pneus. Em nenhum momento soube que isso aconteceria, até o momento que vi os pneus se queimando. Na hora em que cheguei, já estava queimando pneu”,. “Não sabia da participação de parlamentares e em momento algum usei meu cargo para fazer atuação para movimentos sociais, inclusive para o MTST.”
Ele também negou ter feito pagamento a manifestantes. “Em nenhum momento dei qualquer dinheiro para esse protesto. Não tive nenhuma participação em nenhum ato mencionado nesse sentido. Não sei por que está sendo feito. Imagino que governo realmente esteja preocupado com manifestações. Mas acredito que seja tentativa de tirar da mobilização pessoas que são comprometidas com uma crítica das políticas sociais.”
Na página da internet, o Copa para Quem? diz ser responsável pelas ocupações da reitoria da UnB em 2008, que resultou na renúncia do então reitor Timothy Mullholand, e da Câmara Legislativa do DF, em 2009, que pedia a saída do então governador José Roberto Arruda, acusado de envolvimento com suposto esquema de corrupção que ficou conhecido como mensalão do DEM.
Segundo a polícia, Elias teria feito contato com o MTST para a participação no protesto e também estava presente na invasão do MTST a uma área em Ceilândia que ficou conhecida como Novo Pinheirinho, em referência ao Pinheirinho, terreno em São José dos Campos (SP) onde viviam 6 mil pessoas e que foi desocupado pela PM de São Paulo em janeiro de 2012. O
“Uma advogada do grupo foi quem fez a defesa do movimento [MTST] na ação judicial da reintegração de posse [em Pinheirinho] e o trabalho de comunicação foi feito por nós. Na época fizemos campanha de arrecadação de alimentos para as famílias que estavam ocupando o local, um trabalho de apoio”, disse Elias. “Nossa parte no processo era prestar assessoria jurídica para o caso de alguém ser preso e como profissionais de comunicação. Em momento algum escondi minha participação no ato, sempre foi uma posição bem pública.”