Polícia investiga se internautas armazenam ou compartilham material ilícito. Também em agosto, 15 suspeitos foram presos em outra operação do tipo.
A Polícia Federal cumpre pela manhã desta sexta-feira (26) quatro mandados de busca e apreensão no Distrito Federal em uma operação contra pedofilia infantil na internet. Os alvos são suspeitos de armazenar e ou compartilhar material pornográfico infantil na web. Pelo menos uma pessoa foi presa em flagrante até as 8h52.
Os mandados estão sendo cumpridos em Ceilândia, Riacho Fundo, Asa Norte e Asa Sul.
Relembre a última operação
A operação tem os os mesmos moldes da que foi realizada no início do mês, quando prendeu pelo menos 15 homens. Em meio ao grupo flagrado pela operação Láquesis, havia um servidor da Câmara dos Deputados que guardava 300 HDs em casa.
“É crime armazenar, ter consigo imagem de sexo explícito ou pornográfico envolvendo crianças e adolescentes”, declarou o delegado Stênio Santos Sousa. Segundo ele, para evitar ser pego em flagrante, um suspeito chegou a engolir um pendrive que supostamente contém imagens de pedofilia.
No dia 11 de agosto, os policiais cumpriram 35 mandados de apreensão, apreenderam smartphones, pendrives, computadores e outros aparelhos usados para armazenamento, produção e divulgação de pornografia infantil.
De acordo com a Polícia Federal, o material foi apreendido nas casas de 32 integrantes de um grupo apontado por armazenar e distribuir o material ilícito via “P2P” pela internet. O mecanismo facilita a troca de arquivos entre usuários.
Além do DF e de Goiás, a operação também ocorreu no Espírito Santo e em Mato Grosso. Ao todo, 13 foram detidos no Distrito Federal e dois em Goiás. As investigações vão apurar se os integrantes tinham ligação entre si e comercializavam as imagens. A polícia tem indícios de que os suspeitos também usavam a “deep web” (“região” da internet usada principalmente por hackers ou criminosos por ser de mais difícil rastreio) para anunciar o material.
Em meio aos arquivos a que a PF teve acesso, há imagens de bebês sendo violentados. Agora, um banco de dados compartilhado com a Agência de Polícia Internacional (Interpol) e a polícia federal americana (FBI) será usado para tentar rastrear os documentos. Com isso, a PF espera esclarecer onde as imagens foram produzidas e a identidade das vítimas. “Até o momento, não temos conhecimento de imagens produzidas pela própria pessoa”, detalhou o delegado.
Um ano de investigação
De acordo com o delegado Stênio Santos Sousa, responsável por apurar crimes cibernéticos, as investigações iniciaram no começo do ano passado, por iniciativa da própria PF. Ele afirma que operação poderia ter sido concluída em três meses se não fosse pela demora de a Justiça Federal determinar o início da operação.
Segundo o delegado responsável pelo caso, isso deu tempo para suspeitos apagarem arquivos ou mudar de endereço, por exemplo. Entre os motivos para a demora está o fato de que a Justiça precisava ter certeza de que o material envolvia pornografia infantil, afirmou o delegado.
Perfil variado
Segundo a delegada Kelly Ireno, os suspeitos têm perfil variado, com condições socioeconômicas diversas. No entanto, todos aparentavam ter amplo conhecimento de informática.
Suspeitos que foram apontados de possuir arquivos puderam ser liberados após pagar fiança, que chega a R$ 40 mil. Se condenados, os presos podem pegar de 3 a 20 anos de prisão.
A operação levou o nome de Láquesis em referência à mitologia grega. Láquesis é uma das três moiras, irmãs que, na Grécia antiga, determinavam a vida humana e o destino de cada um. Elas eram responsáveis por tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todo indivíduo.