Expectativa é de que ele fale a partir das 10h aos parlamentares da comissão. Ele é investigado por suspeita de integrar esquema de pagamento de propina.
A CPI da Saúde deve ouvir nesta quarta-feira (31) o ex-diretor do Fundo de Saúde do Distrito Federal Ricardo Cardoso, por suspeita de integrar um esquema de pagamento de propina. A expectativa é de que ele fale aos deputados na Câmara Legislativa a partir das 10h.
Cardoso foi alvo da operação Drácon, que também afastou a Mesa Diretora da Câmara Legislativa. O grupo é suspeito de desviar recursos de emendas parlamentares que seriam usados para pagar contratos de gestão de UTIs.
O Fundo de Saúde é o setor que gerencia a maior parte do orçamento para a área. No entanto, o fundo não concentra todas as faturas. Os contratos de fornecedores, por exemplo, são gerenciados pela Subsecretaria de Administração Geral (Suag), uma das seis subpastas da Secretaria de Saúde.
Ricardo Cardoso é mencionado em um “organograma” entregue pela sindicalista Marli Rodrigues como “responsável pelo fortalecimento” com dois distritais: Cristiano Araújo (PSD) e Robério Negreiros (PSDB).
Empresas da família deles têm contratos com o governo. A Brasfort, da família de Negreiros, é empresa de vigilância que tem contratos com o GDF. A Ipanema, da família de Araújo, atua na área de limpeza e tem contratos com a Secretaria de Saúde. Os deputados e o ex-diretor do fundo negam irregularidades.
Mudanças na Câmara
A sessão desta quarta na CPI será a primeira após os deputados Bispo Renato Andrade (PR), Cristiano Araújo (PSD) e Julio Cesar (PRB) pedirem afastamento da comissão. No lugar deles assumem, respectivamente, Agaciel Maia (PR), Sandra Faraj (SD) e algum parlamentar ainda a ser indicado.
Os parlamentares pediram afastamento após serem citados em áudios divulgados por Liliane Roriz (PTB). Presidente da comissão, Wellington Luiz (PMDB) disse não acreditar que as mudanças na composição da CPI afetem o cronograma. “Não haverá interrupção. Temos muitas pautas. A CPI está sendo muito demandada”, afirmou.
Relembre a operação Drácon
No dia 22 de agosto, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinou o afastamento de toda a Mesa Diretora da Câmara Legislativa. A medida cautelar (ou seja, antes do julgamento do mérito) foi pedida pelo Ministério Público do DF, para apurar suspeitas de pagamento de propina que teriam beneficiado os deputados.
A decisão é do desembargador Humberto Adjuto Ulhoa e vale até o fim das investigações. Foram afastados a presidente Celina Leão e os secretários Raimundo Ribeiro (PPS), Júlio César (PRB) e Bispo Renato Andrade (PR). A vice-presidente, Liliane Roriz (PTB), havia renunciado ao cargo.
Com o afastamento, o recém-eleito vice-presidente Juarezão (PSB) deve coordenar os trabalhos até o fim do ano. Suplentes dos secretários, os distritais Lira (PHS), Agaciel Maia (PR) e Rodrigo Delmasso (PTN) assumem as vagas pelo mesmo período.
A ação ocorreu após Liliane entregar áudios em que registra Celina e o ex-secretário-geral da Câmara, Valério Neves, falando sobre a mudança de finalidade de uma emenda parlamentar que direcionou R$ 30 milhões da sobra orçamentária da Câmara a um grupo de seis empresas que prestam serviço de UTI. Segundo as denúncias, parte dos recursos foram repassados aos deputados da Mesa Diretora.