A defesa do ex-governador apresentou uma petição à 7ª Vara Criminal de Brasília para que seja reaberta a investigação do episódio que o levou para a prisão, em 2010, quando teria tentado subornar o jornalista Edson Sombra
Temendo a proximidade do julgamento que pode condená-lo e levá-lo para a cadeia, o ex-governador José Roberto Arruda deu uma nova cartada na tentativa de mudar os rumos do julgamento da Caixa de Pandora. A defesa do político apresentou uma petição à 7ª Vara Criminal de Brasília para que seja reaberta a investigação do episódio que o levou à prisão, em 2010. Na ocasião, o jornalista Edmilson Edson dos Santos, mais conhecido como Sombra, teria sido alvo de tentativa de suborno por um emissário de Arruda, que lhe ofereceu R$ 200 mil. Na época, Sombra era uma das pessoas mais próximas ao delator do esquema, Durval Barbosa. Foi ele quem fez a ponte entre Durval e o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
Alvo em 10 ações penais relacionadas à Caixa de Pandora, o ex-governador tem tentado protelar o desfecho dos processos. Já alegou suspeição do juiz responsável pelo caso, que os vídeos feitos por Durval foram editados e até pediu o desmembramento das investigações.
A defesa do ex-governador alega que familiares de Sombra teriam recebido depósito milionário na época da tentativa de extorsão. O dinheiro teria sido depositado em uma conta da empresa O Distrital, que não apresentava movimentação desde 2007. Como argumento, a defesa anexou relatórios contábeis do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Essa movimentação faz parte do inquérito policial 63/2012, da Delegacia de Crimes contra a Ordem Tributária do DF. Na investigação policial, o agente Fernando Augusto Santana Gonçalves pediu a quebra de sigilo bancário de familiares de Sombra por considerar suspeito o fato de parentes do jornalista terem sacado R$ 300 mil um dia após a tentativa de suborno. O inquérito é datado de 17 de maio de 2012.
A peça cita pesquisa no Sistema Integrado de Tributação e Administração Fiscal da Secretaria de Fazenda do DF, onde constam oito imóveis em nome de familiares de Sombra e suas movimentações. Os bens teriam sido adquiridos a partir de novembro de 2009, justamente quando o escândalo estourou.
O inquérito foi arquivado pela 1ª Vara Criminal de Brasília. Na visão do MPDFT, trata-se de mais uma manobra do ex-governador para evitar uma possível condenação, que pode levá-lo à cadeia novamente. Arruda responde, entre outros crimes, por improbidade administrativa, corrupção e formação de quadrilha.
Nos últimos meses intensificaram-se as audiências relativas à Caixa de Pandora no Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT). A expectativa é de que os julgamentos sejam concluídos ainda em 2016, após sete anos desde que a operação foi deflagrada para investigar um esquema de pagamento de propina a deputados distritais, envolvendo empresas prestadoras de serviços e integrantes do alto escalão do GDF.
Uma das imagens mais marcantes da Caixa de Pandora foi a que Arruda aparece recebendo um pacote de dinheiro das mãos de Durval Barbosa, que revelou ao MP ser o distribuidor da propina. Além do ex-governador, deputados distritais à época também foram flagrados em vídeos entregues por Durval aos promotores de Justiça. E, agora, aguardam o desfecho do caso.
O jornalista Edson Sombra disse que só se manifestará sobre o assunto nos órgãos competentes.