Rollemberg reuniu equipe para discutir de onde tirar recursos para pagar na folha de outubro aumentos; planilhas indicam que aumento de gastos, sem novas receitas, levará a atrasos nos salários
Está cada vez mais evidente que, em breve, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) terá de anunciar o adiamento do pagamento dos reajustes que 32 categorias de servidores esperam há um ano. Para honrar o compromisso, aprovado na gestão de Agnelo Queiroz, o governo atual terá de arcar com uma despesa extra de R$ 360 milhões, só neste ano. São R$ 120 milhões a mais por mês. O problema é que esse custo vai se somar a outro buraco que já existe nas contas do GDF. Com o aumento nos contracheques, faltarão R$ 900 milhões para o GDF fechar o ano em dia com a folha de pagamentos, fornecedores e prestadores de serviços.
A dificuldade preocupa Rollemberg. Ele reuniu nesse domingo (9/10), na residência oficial de Águas Claras, a equipe que compõe a governança para uma análise sobre cenários, com a participação do chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, os secretários de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, de Fazenda, João Fleury, a procuradora-geral do DF, Paola Aires, e o consultor jurídico, René Sampaio. A conclusão é de que, sem uma nova fonte de arrecadação urgente, não haverá reajuste neste ano.
Encontrar novas fontes de receita tem sido complicado num momento de crise. O secretário de Fazenda chegou a propor, na semana passada, uma reavaliação da base de cálculo dos imóveis para efeito da cobrança de IPTU. Mas a reação de deputados distritais, até mesmo da base governista, indicou que essa medida não passa na Câmara Legislativa. Seria um desgaste para o governo apresentar um custo extra ao contribuinte e sequer conseguir aprová-lo. O governo busca, então, medidas que partam da venda de áreas públicas ou lançamento de novos empreendimentos pela Terracap. Mas nada que represente dinheiro entrando rapidamente nos cofres públicos.
A data limite para uma decisão está se esgotando porque os reajustes precisam entrar na folha de pagamentos até sexta-feira para que entrem em vigor imediatamente e sejam creditados no próximo salário dos servidores do GDF. Outras reuniões ocorrerão até lá no governo. Mas o cenário é negativo para servidores que esperam por uma boa notícia. “Se concedermos os reajustes agora, sem condições, vamos começar a atrasar os salários. Os próprios servidores não vão querer. Não será bom para ninguém, nem para o próprio governo, que terá as contas desorganizadas”, afirma Sampaio.
Nas últimas semanas, o GDF começou a ampliar a demora para quitar compromissos com fornecedores e prestadores de serviços, como medida para não atrasar os salários. Mas os recursos estão ficando cada vez mais escassos e esse remanejamento do custeio para os salários vai ficando ainda mais complicado. “Temos preocupação com as empresas porque algumas são pequenas e uma demora em receber pagamentos pode levá-las à bancarrota. E o setor produtivo é imprescindível para alimentar a economia”, explica.