Oito outros aparelhos estão parados em hospitais por falta de manutenção.
Cerca de 8 mil mulheres estão na fila esperando fazer o exame, diz GDF.
Mobiliziado na segunda semana de campanha em combate ao câncer de mama, o Distrito Federal tem apenas quatro mamógrafos em funcionamento para atender cerca de 8 mil mulheres que estão na fila de espera para fazer o exame. A campanha Outubro Rosa é uma ação anual do governo do Distrito Federal que busca conscientizar sobre a importância da realização de exames de prevenção, entre eles a mamografia.
De acordo com a Secretaria de Saúde, há 12 aparelhos nos hospitais públicos de Brasília, mas apenas um terço deles funciona – no Centro Radiológico de Taguatinga, no Hmib, no Hran e no Hospital de Sobradinho.
Oito aparelhos estão parados por falta de manutenção. Os pacientes das unidades em que há mamógrafos inoperantes são remanejados e atendidos em outras unidades de saúde, de acordo com a classificação de risco.
A média anual de mamografias no DF é de 12 mil. Com o número reduzido de aparelhos, mais de 8 mil mulheres aguardam atendimento, segundo o órgão. “A secretaria já está em negociação direta com representantes das empresas para que a manutenção dos aparelhos parados seja realizada o mais breve possível”, informou em nota.
De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), a cada 40 minutos, uma mulher é submetida à cirurgia de remoção de seio no Brasil.
Na última quinta (13), durante campanha na Rodoviária do Plano Piloto, o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, afirmou que novos contratos de manutenção devem ser fechados pelo GDF ainda em outubro ou “no máximo, no início do próximo mês”.
A secretaria informou na tarde desta terça (18) que está “credenciando empresas para ampliar a oferta desse exame e reduzir a fila atual”, mas não há previsão para que o serviço seja regularizado.
“De que adianta todo o custo com a campanha, com publicidade e divulgação se o poder público não oferece o exame gratuito às mulheres de baixa renda?”, questiona a servidora pública Michelle Najara, de 34 anos.
A dúvida de Michelle quanto à efetividade da campanha surgiu na semana passada, quando a diarista que presta serviços de limpeza na casa dela afirmou nunca ter feito exames de prevenção. “Ela falou que foi a um posto [de saúde], deixou o nome dela em uma lista, mas nunca foi chamada.”
A servidora pública descobriu um nódulo na mama há dois anos durante um exame de rotina e levou “um susto por estar com câncer”. Depois, a biopsia revelou que o tumor não era maligno. “Isso porque eu tive acesso a um serviço adequado e pude descobrir logo no princípio. Mas parece que estão fazendo campanha para as pessoas que não precisam do serviço público.”
“O foco da campanha não são as mulheres que têm um poder aquisitivo adequado. Essas mulheres, independentemente de campanha, comparecem anualmente ao ginecologista, fazem os exames. Acredito que o foco sejam as pessoas mais desinformadas, que têm menos condições econômicas, mas que não tem acesso gratuito ao exame”, continuou.
Mamografia a baixo custo
O Sesc de Taguatinga Norte oferece o serviço a R$ 88 para pessoas que não têm carteira assinada ou cuja empresa não é conveniada com o Sesc. Mas antes é preciso fazer a carteirinha de associado, que custa R$ 5. Para pessoas que trabalham em empresas que têm o convênio com o Sesc, não é preciso pagar pela carteirinha e o exame sai a R$ 50.
Um laboratório particular do Distrito Federal vai doar 250 exames de mama para mulheres de baixa renda em Brasília. Nacionalmente, o número de doações pode chegar a mil se o público compartilhar uma postagem sobre a campanha feita na rede social do Laboratório Exame.