De acordo com informações preliminares, os alvos seriam dois coronéis responsáveis pelo pagamento de cirurgias feitas em policiais militares
Em mais um desdobramento da Operação Mr. Hyde, a Polícia Civil cumpre na manhã desta quarta-feira (23/11) mandados de busca, apreensão e condução coercitiva no Hospital da Polícia Militar. De acordo com informações preliminares, os alvos seriam dois coronéis responsáveis pelo pagamento de cirurgias feitas em PMs. Eles participariam da Máfia das Próteses, esquema criminoso envolvendo hospitais, médicos e empresas fornecedoras de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs).
A ação da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) é embasada em novas investigações da força-tarefa da Hyde, integrada também por promotores do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Elas apontam que, em troca de comissões que variavam entre 10% e 15%, os coronéis autorizavam cirurgias, muitas vezes desnecessárias, em policiais militares atendidos por médicos do esquema.
Estima-se que cerca de 200 pacientes foram lesados em 2016 somente por uma empresa. O esquema movimentou pelo menos R$ 40 milhões nos últimos cinco anos, em cirurgias, equipamentos e propinas. Segundo a Polícia Civil, o grupo tentou matar um paciente que ameaçava denunciar a quadrilha, deixando um arame de 50cm na jugular dela.
Além disso, há casos de cirurgias sabotadas para que o paciente fique sendo operado e, assim, gere lucro para o esquema, utilização de produtos vencidos e troca de próteses mais caras por outras baratas.
As apurações estão sendo aprofundadas para verificar se os planos de saúde também foram prejudicados ou se fazem parte do esquema. Até esta quarta, os hospitais alvos da operação eram apenas o Daher, no Lago Sul, e o Home, na 613 Sul. Segundo o MP, a TM Medical, fornecedora de próteses, órteses e produtos especiais, é o elo do esquema. O Home e o Daher negam envolvimento na Máfia das Próteses.
Superfaturamento
De acordo com o delegado Luiz Henrique Dourado, titular da Deco, os prejuízos da Máfia das Próteses não se restringem aos pacientes, já que o superfaturamento acabava encarecendo os procedimentos. “Esse esquema, como é superfaturado em até 1.000%, aumentava o valor do plano de saúde para o cidadão”, explicou.
Em setembro, a 2ª Vara Criminal de Justiça do DF aceitou a denúncia contra 17 das 19 pessoas acusadas pelo MPDFT de integrar a Máfia das Próteses. Os únicos denunciados que não viraram réus são Nabil Nazir El Haje, dono do Hospital Home; e Cícero Henrique Dantas Neto, diretor do hospital. Para o magistrado, “não há elementos que indiquem, de forma mínima, sua participação no esquema descrito”.