De atestado, distrital não será substituído por suplente. Não há prazo para retorno do parlamentar às atividades.
O deputado distrital Bispo Renato Andrade (PR) passou por cirurgia na manhã desta segunda-feira (5). Segundo a assessoria do parlamentar do Distrito Federal, ele vai precisar ficar afastado das atividades por determinação médica. De atestado, ele não será substituído por um suplente.
Não há prazo para retorno do distrital à Câmara Legislativa. A equipe do parlamentar informou que não poderia dar detalhes da cirurgia por orientação da família. No entanto, afirmou que “não se tratava de um caso de vida ou morte”, mas que era um “procedimento inadiável”.
Afastamento
Secretário da Mesa Diretora da Câmara, Bispo Renato faz parte do grupo que foi denunciado pelo Ministério Público por corrupção passiva, acusado de cobrar propina em um suposto esquema de propina na liberação de emendas parlamentares.
Além dele, foram acusados a presidente afastada da Câmara, Celina Leão, os secretários Raimundo Ribeiro (PPS) e Julio Cesar (PRB), também suspeitos de envolvimento no esquema. Eles tinham sido afastados pela Justiça, mas conseguiram retornar ao cargo em outubro, após decisão do Conselho Especial do TJ. Só Celina permanece fora da presidência.
Responsável pela gravação dos áudios dos parlamentares e pela denúncia entregue ao Ministério Público, a deputada Liliane Roriz (PTB) renunciou, à época, à vice-presidência da Câmara Legislativa. Ela não é investigada e aparece no inquérito como testemunha.
A operação Drácon é comandada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, e apura se os parlamentares que chefiavam a Câmara receberam propina para liberar emendas e pagar dívidas do GDF com empresas de UTIs, “furando a fila” das faturas que estavam pendentes.
Além dos ex-membros da Mesa Diretora, o deputado Cristiano Araújo (PSD) também é investigado. Todos os deputados citados negam o envolvimento de irregularidades. Todos negam as acusações.
Entenda as denúncias
Nos áudios feitos por Liliane, Celina fala sobre mudança de finalidade de uma emenda parlamentar que direcionou R$ 30 milhões da sobra orçamentária da Câmara a um grupo de seis empresas que prestam serviço de UTI. Segundo as denúncias, o repasse acabou beneficiando deputados da Mesa Diretora.
Em entrevista exclusiva à TV Globo, Liliane detalhou parte do suposto “acordo”. Segundo ela, a negociação tratava de uma “sobra orçamentária” de R$ 30 milhões, destinada originalmente à reforma de escolas e unidades de saúde.
No começo de dezembro, os distritais aprovaram uma mudança no texto, direcionando o aporte para pagar dívidas do Palácio do Buriti com prestadoras de serviço em UTIs. O esquema teria sido montado pelo distrital Cristiano Araújo. Pela denúncia, o acordo envolveria repasse aos deputados de 7% sobre o valor das emendas.
Celina negou irregularidades e disse que Liliane mentiu porque sente “inveja” dela. Ela também adiantou que vai encaminhar documentos ao Ministério Público para provar que não agiu de forma ilegal na destinação de recursos de emendas parlamentares.
Nesta segunda (5), Celina voltou a acusar a colega de parlamento de mentir aos investigadores. Ela afirmou que pediu à Justiça na última sexta (2) para que Liliane seja condenada por obstrução judicial, fraude processual e falso testemunho. Segundo a presidente afastada, o MP foi “enganado” pela rival política.