terminada a maior parte das obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, aumentou o desemprego na construção civil. Os empregos no setor tiveram queda de 2,5% em maio – ou dois mil postos de trabalho a menos. O resultado foi demonstrado na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada pela Secretaria de Trabalho. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o emprego na construção civil caiu 9,2%.
Para se ter uma ideia do declínio, em janeiro deste ano, eram 88 mil empregados no setor. Já no mês passado, esse número passou para 79 mil. “O Mané Garrincha está quase todo pronto”, destaca o gerente de Base de Dados da Codeplan, Jusçânio Umbelino. Ele lembra que outras grandes obras também foram concluídas.
O período de chuva do início do ano também foi apontado como motivo da queda. Por isso, Clóvis Scherer, supervisor do escritório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no DF, diz que é preciso um novo programa de obras para a recuperação do setor. “Essas obras no estádio e em aeroportos, por exemplo, têm sustentado muitos operários, mas acaba que a cada término dessas construções, o setor volta a sofrer queda”, comenta.
Desempregado há 15 dias, o eletricista Adriano Araújo, 36 anos, trabalhou por cinco meses na obra do estádio. A remuneração, somada às horas extras, ultrapassava R$ 4 mil. Agora, ele retoma a busca por uma nova vaga. “A Copa tem trazido oportunidades, mas no fim dos eventos, os operários voltam a buscar outras formas de ingresso no mercado”, conta. O eletricista vai tentar um emprego na obra do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. “O máximo que já fiquei no mesmo lugar foi um ano”, conclui.
Cerca de 80% dos trabalhadores do Mané Garrincha já foram demitidos. O medo de ficar desempregado em breve faz com que o apontador Rodrigo Silva, 30 anos, se preocupe ainda mais. “Tenho esposa e três filhos e, por conta disso, a cada final de obra eu me preocupo”, revela.
Apesar de contar com o prazo de 31 de janeiro de 2014, para que o estádio fique totalmente concluído, ele diz que mesmo diante dessa informação não há como saber se ele continuará na obra até lá.
Domésticas
O emprego doméstico caiu 3,8% em maio. Em abril, eram 79 mil empregados na categoria. Em maio, foram três mil postos a menos. Já em relação ao ano, a redução foi de 9%, ou seja, nove mil empregados a menos no setor.
Para o subsecretário de Trabalho, Wagner Rodrigues, o projeto de regulamentação da profissão de empregado doméstico, conhecido como a PEC das Domésticas, trouxe confusão na categoria.
No entanto, com a regulamentação, ele aposta na estabilidade que, segundo ele, será refletida nos próximos meses. “A incerteza de como seriam estas mudanças trouxe aos empregadores um assombro, afinal eles não geram renda e toda a despesa é paga a partir da remuneração deste empregador. Sinto que começou a se clarear, agora, e acredito na recuperação”, declara.
De acordo com o Dieese, em 2008, o emprego doméstico representava 10,8% no nível de ocupados no DF, agora não passa de 6% – 20 mil empregados a menos.
A Secretaria de Trabalho acredita, também, que há uma migração do empregado doméstico para outras áreas. “A palavra de ordem, agora, é qualificação. Sem querer dizer que a categoria é um subemprego, mas as pessoas têm adquirido a consciência de que o conhecimento faz a diferença na qualidade de vida”, avalia Wagner Rodrigues.