Nestes tempos em que a classe política anda com a imagem desgastada, o presidente eleito da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), tem dois trunfos a seu favor. Como não tem o nome envolvido em escândalos e também não está entre os parlamentares mais conhecidos pelo eleitorado comum, iniciará o comando da Casa para o biênio 2017/2018 com uma grande margem para trabalhar a imagem da instituição.
Pesquisa feita pelo instituto Dados revela que o percentual dos brasilienses que aprovam (21,5%) ou reprovam (20,5%) a eleição do pedetista é equilibrada. Enquanto 20,8% consideram a vitória dele “boa” e 0,7% a classifica de “ótima”; 11% a avaliaram como “ruim” e 9,5%, “péssima”.
O trabalho de Joe será convencer os eleitores que estão em cima do muro. O levantamento aponta que 41,2% dos brasilienses acreditam que a eleição dele para a chefia da CLDF é “regular”, enquanto 16,9% não opinou ou não soube responder.Os percentuais têm o potencial de fazer a balança pender para qualquer lado. Tudo vai depender de como Joe Valle vai administrar a Câmara Legislativa, Casa que, tradicionalmente, desperta a rejeição do brasiliense.
Esse sentimento foi agravado pela Operação Drácon. A ação, deflagrada em 23 de agosto pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil, investiga a suspeita de que distritais tenham cobrado propina para liberar emendas parlamentares.
Cassação
Embora Joe tenha passado ao largo do escândalo, terá que se posicionar sobre os pedidos de cassação dos mandatos de cinco colegas — Celina Leão (PPS), Raimundo Ribeiro (PPS), Júlio Cesar (PRB), Bispo Renato Andrade (PR) e Cristiano Araújo (PSD). Atualmente, os processos estão parados. Mas a sociedade deve pressionar o pedetista, especialmente se o MPDFT oferecer denúncias à Justiça, o que é esperado para 2017.
Joe teve mais de 20 mil votos na eleição de 2014, sendo o quarto colocado entre os distritais eleitos. Apesar da boa votação, o próprio presidente eleito da CLDF acredita que o nome é pouco lembrado.
Órbita ao redor do Buriti
Na avaliação do especialista em direito eleitoral Flávio Britto, entre a parcela dos brasilienses que conhecem Joe Valle, o desafio dele será se desvencilhar do governo Rollemberg, que hoje sofre com uma reprovação recorde. “Como Joe foi secretário de Trabalho da atual gestão, pode ter a imagem associada à de Rollemberg. Como a atual administração é ineficiente, não é bom negócio ter o nome vinculado ao Palácio do Buriti”, afirma.
Apesar desse cenário, a disputa eleitoral na Câmara Legislativa reforçou o movimento de afastamento entre Joe e Rollemberg. Como o governador apoiou Agaciel Maia (PR), o antigo secretário foi alçado à condição de opositor. Mas Joe tem um discurso apaziguador e diz que se mantém na base aliada.
Ainda assim, será preciso ver o comportamento de Joe Valle em relação à votação de projetos do GDF nos próximos meses para avaliar como será a relação entre o Legislativo e o Executivo.
A pesquisa /Dados ouviu 1,2 mil pessoas de 26 regiões administrativas do DF entre os dias 16 e 21 de dezembro. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos.