Comissão se reuniu nesta quinta pela primeira vez, mas não fechou propostas. Secretário defendeu reajuste; associação comercial disse que medida prejudica empresários.
O grupo de trabalho montado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal para discutir os aumentos nas tarifas de ônibus e metrô se reuniu pela primeira vez na tarde desta quinta-feira (5), mas ainda não conseguiu avançar na apresentação de alternativas. No encontro, distritais, representantes do GDF e de movimentos sociais reprisaram argumentos que já vinham sendo apresentados nos últimos dias.
O secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, voltou a defender o reajuste no DF. Segundo ele, o preço das passagens estava congelado há dez anos na capital e não acompanhou o aumento do salário dos rodoviários e nem a inflação acumulada da época. “O reajuste e necessário para a manutenção do sistema”, disse.
Já o presidente da Associação Comercial do DF, Cleber Pires, defendeu que há outros meios de manter o sistema, sem a necessidade de mexer nas tarifas. De acordo com Pires, o reajuste onera os empregados e funcionários de Brasília. “Apresentamos o projeto do estacionamento rotativo, que pode render R$ 1 bilhão ao GDF e o governo não fez nada. Falta gestão”.
Ainda de acordo com Pires, com o reajuste de tarifas, a cada 20 funcionários, o empresário deve gastar com o salário de mais um empregado por conta do aumento das passagens. “O cidadão que vai pagar a conta. Isso vai causar demissões”, declarou.
Sessão extraordinária
O presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), convocou para a próxima quinta (12) uma sessão extraordinária entre os parlamentares para tentar derrubar do decreto de Rollemberg. De acordo com ele, a equipe técnica da Casa estuda meios legais para barrar a medida.
Parlamentares da Mesa Diretora e de lideranças partidárias na Câmara se reuniram duas vezes nesta semana com o governador para discutir o reajuste, mas não houve acordo. A Câmara sugeriu uma suspensão temporária da medida até que a Casa encontre uma solução para o impasse – a proposta foi descartada por Rollemberg.
De acordo com o governador, sem o reajuste, o sistema de transporte do DF entrará em colapso em março deste ano. Para ele, só é possível repensar em reduzir as passagens se os deputados concordarem em limitar o direito de gratuidade do serviço concedido a estudantes de escolas particulares.
Preocupado com o desgaste político, o governador interrompeu as férias e voltou às pressas a Brasília na segunda. Segundo a assessoria do Buriti, o político viajou na tarde de domingo para Aracaju (SE), onde pretendia encontrar familiares que já estavam reunidos e em férias. A previsão inicial era de que ele retornasse ao DF no próximo dia 9.
Questionamentos
Nesta quarta (4), o presidente regional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Juliano Costa Couto, pediu explicações ao governador Rodrigo Rollemberg sobre o aumento das tarifas de ônibus e metrô. O ofício foi enviado nesta quarta (4) ao Palácio do Buriti e não estabelece prazo para o envio das informações .
Os valores passaram de R$ 2,25 para R$ 2,50 nas linhas circulares e alimentadoras do BRT (aumento de 11%); R$ 3 para R$ 3,50 (aumento de 16%) em linhas metropolitanas “curtas”; e de R$ 4 para R$ 5 (aumento de 25%) no restante das linhas, além do metrô.
As novas tarifas estão entre as mais caras do país. Na comparação com o primeiro semestre de 2015, a tarifa mais cara já acumula alta de 66%. Segundo o governo, com o reajuste, a estimativa é de economizar R$ 180 milhões.
A nova tabela foi anunciada no último dia útil de 2016, sob a justificativa de que esta é a única saída do governo para manter o sistema de transporte público funcionando. Segundo o GDF, o reajuste deve cobrir as gratuidades oferecidas a estudantes, idosos e deficientes. O Buriti diz subsidiar 50% dos custos do sistema.
Este é o segundo aumento nas passagens ocorrido na gestão do governador Rodrigo Rollemberg, que assumiu o Buriti em 2015. O anterior ocorreu em setembro do ano passado e gerou protestos. Até então, os valores do tíquete de ônibus eram os mesmos desde 2006 e os de metrô, desde 2009.