Mesmo com grande expectativa, produção passa longe de apagar a fama ruim das adaptações de game
Todo filme baseado em jogos já entra em cena com uma herança maldita. Por um lado, a desconfiança de que, como os antepassados, vai ser um fracasso; por outro, a esperança de que será o primeiro a redimir o gênero. Baseado na poderosa franquia da desenvolvedora Ubisoft, o filme Assassin’s creed prometia fazer parte do segundo time e se vendia como capaz de quebrar a maldição das adaptações.
Não foi desta vez, infelizmente, que os fãs de jogos encontraram uma produção de que pudessem se orgulhar. Mesmo com o vasto e rico universo dos jogos, o filme falha e pode, no máximo, ser considerado um longa de ação para passar tempo.
Confira as sessões em 2D e 3D.
O longa foi estrelado e produzido por Michael Fassbender, que tem duas indicações ao Oscar no currículo. Fassbender é um bom ator e o empenho dele no projeto era um dos fatores que ajudavam a acreditar que o filme seria bom, além do material do game, de fato, ser muito promissor. Mas até ele fica ofuscado.
O jogo parte da ideia de que a memória dos antepassados fica armazenada no DNA dos descendentes. Então, seria possível, por meio da máquina Animus, acessar as lembranças e, como em uma realidade virtual, voltar àquele tempo. A partir dessa premissa, a história foca no embate entre duas sociedades secretas — os assassinos e os templários.
O personagem de Fassbender é um condenado à morte descendente de um membro dos assassinos. Aguilar, o antepassado, foi a última pessoa a ter acesso à localização da maçã do Éden (aquela de Adão e Eva). Na fruta, estaria escondido o segredo do livre arbítrio da humanidade.
Os assassinos eram defensores da liberdade, enquanto templários acreditavam que seria melhor privar o homem dessa característica. Por isso, Cal é tão importante no longa. Ele é chave para os templários, por meio de um instituto tecnológico, voltarem ao passado de Aguilar e descobrir a localização da maçã.
A premissa do jogo, de fato, é muito boa e tinha potencial para um bom filme. O problema é que o roteiro peca em se aprofundar em qualquer coisa, principalmente no desenvolvimento dos personagens. A relação entre Cal e a cientista Sofia (Marion Cotillard), responsável por ligá-lo à máquina, é muito frágil e não sustenta os desdobramentos que gera. Há outros personagens com potencial deixados completamente de lado.
O foco parece estar nas cenas de ação, nos tão famosos saltos característicos do game, por exemplo. Mas isso é muito pouco para sustentar um longa que não gera empatia, nem prende o espectador. Pena, pois a base de Assassin’s creed tinha potencial para muito mais.