Presença da tartrazina deveria estar discriminada em embalagens, mas pesquisa da Vigilância Sanitária mostra que nem todos seguem regra
Os brasilienses estão consumindo produtos alimentícios com corantes que podem fazer mal à saúde. O pior: sem saber. Pesquisa feita pela Vigilância Sanitária do Distrito Federal revela que 16% das amostras de farinha de mandioca analisadas na cidade contêm tartrazina, substância proibida nesse tipo de alimento. No caso dos doces, onde o uso é permitido, 19% dos fabricantes não informaram no rótulo a presença do corante, o que é exigido por resolução da Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa).
A tartrazina, que dá a cor amarela a determinados alimentos, é estudada desde a década de 1970 e pode causar diversos malefícios à saúde, como explica a nutricionista Isabela Zago. “Esse corante pode gerar processos alérgicos, principalmente a longo prazo. Por isso, é perigoso, pois não se manifesta de forma imediata na maioria das vezes”, aponta a especialista.
Casos mais graves também podem ocorrer. “Pela semelhança química com o ácido acetilsalicílico (aspirina), pessoas que têm alergia a esse medicamento tendem a ter reações ao corante. Em crianças, causa agitação e, em uso continuado, aumenta as chances de alguns tipos de câncer”, completa a nutricionista Gabryella Batista.
Entre os alimentos em que a tartrazina é permitida estão doces amplamente consumidos por crianças. De 114 amostras de balas e pirulitos analisadas no Distrito Federal, 101 apresentavam corantes artificiais, representando 89% do total. Dessa quantia, 19% não declaravam o uso da tartrazina. Os dados são de 2015, mas foram divulgados agora.
Regulação
Os perigos da substância levaram a Anvisa a tornar obrigatória a informação nas embalagens sobre o produto, bem como restringir e regular o seu uso em alimentos e medicamentos. Além disso, foram criadas normas para a quantidade máxima que pode ser usada nas receitas. O produto também é conhecido como amarelo #5, E102, Amarillo 5, Yellow 5 e C.I. 19140.
O Metrópoles foi a supermercados da cidade e constatou o uso da substância em massas com tempero pronto, doces, refrigerantes, sucos e até mesmo em barras de cereais.
A nutricionista Isabela Zago explica que o consumo na juventude é ainda mais prejudicial. “Nessa fase, o corpo está em construção, O ideal é que a alimentação seja o menos residual possível, sem adição de elementos artificiais”, orienta.
Como evitar
A especialista ainda enumera algumas dicas para evitar o consumo da substância. “É preciso ficar atento aos rótulos. Apesar das normas, algumas empresas colocam apenas ‘colorido artificialmente’ na embalagem.
Nesses casos, pode haver a tartrazina. Outras marcas usam corantes naturais, como a cúrcuma, que não faz mal. “Porém, ao ver os ingredientes com atenção, há também os colorantes artificiais”, alerta a nutricionista.