Entidade que representa procuradores da Fazenda afirma que cidadão comum tem poder limitado no combate a evasão fiscal. Painel foi instalado na Asa Sul.
Um”sonegômetro” instalado nesta quinta-feira (23) na área central de Brasília, na Asa Sul, aponta que a evasão de impostos no país já ultrapassou o valor R$ 127,3 bilhões, desde o começo do ano. O painel é uma iniciativa do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), que também trouxe uma “lavanderia gigante” e um varal com notas falsas para criticar a lavagem de dinheiro, apontada como um dos mecanismos que mais contribuem para a evasão fiscal.
Procuramos conscientizar a população sobre a importância do combate à sonegação, mas sabemos o quanto o alcance do cidadão é limitado porque ele não tem sequer escolha”, afirmou o presidente do sindicato, Aquiles Frias.
Seus impostos são descontados diretamente do salário, enquanto o grande empresário tem à disposição mecanismos sofisticados para evasão fiscal.”
De acordo com Frias, o poder do trabalhador e do pequeno empresário é limitado diante da sonegação dos grandes. Ele afirma que, como o Brasil tem uma tributação de consumo muito alta e pouco interesse do governo na fiscalização das grandes empresas, os impostos deixam de ser pagos e de gerar recursos para setores importantes como educação e saúde.
Um dos exemplos utilizados na campanha educativa da entidade em 2017, é que, caso o governo tivesse maior interesse na cobrança da dívida ativa dos maiores devedores da União, a Previdência Social não seria deficitária.
O problema é que 3% dos devedores concentram mais de 60% da dívida previdenciária, por exemplo e no caso da sonegação essa proporção é ainda maior. A maior parte dos R$ 127 bilhões sonegados advém de alguns grupos empresariais”, informou Frias.
O sindicato informa que as chamadas “grandes empresas” devem ao INSS cerca de R$ 426 bilhões e que o governo em seu projeto de reforma da previdência desconsiderou essa dívida, “colocando o prejuízo da conta do trabalhador”.
A sonegação gera e alimenta a corrupção, por isso a vontade política para cobrar os grandes empresários não entra no jogo político. Se não houvesse dinheiro desviado, não haveria caixa dois, por exemplo.”
O presidente contou que a entidade desde 2013 denuncia essa ligação entre a sonegação fiscal do grande empresariado e a corrupção. Para ele, a Operação Lava Jato foi a grande prova daquilo que a Procuradoria da Fazenda já apontava.