Ao contrário do cenário de países desenvolvidos, atualmente na América Latina, mais homens morrem por câncer de próstata do que no passado
O câncer de próstata representa o tumor maligno mais comum entre homens de 30 em 31 países da América Latina. Em termos de causas de morte, é a mais frequente entre 25 dos 31 países da região. Diferente dos países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, França e Alemanha, onde a mortalidade por câncer de uma forma geral, e também por câncer de próstata, vem diminuindo nos últimos anos devido a maiores taxas de diagnóstico precoce e aos avanços tecnológicos, em países como o Brasil e Cuba morrem-se, atualmente, mais homens por câncer de próstata do que no passado. Estes dados alarmantes representam uma profunda contramão nas estatísticas do mundo moderno, que usufruem dos benefícios da melhoria da informação, dos exames de rastreamento mais difundidos, da otimização das táticas de tratamento e de seguimento.
Em 2012, um total de 134.000 casos foram diagnosticados e um total de 43.000 homens morreram em decorrência da doença. Em 2030, estima-se que um total de 249.000 casos serão diagnosticados e 86.000 homens morrerão em decorrência do tumor.
Os riscos de morte por câncer de próstata são inversamente proporcionais ao poder sócio-econômico da população ou daquele indivíduo. Países que vivem na pobreza, como Haiti, Honduras, Bolívia e Nicarágua detém as maiores taxas de mortalidade. Dentro deste aspecto, o Brasil, apesar de 75% da população fazer parte do Sistema Único de Saúde, somente 40% do total dos gastos designados à saúde são direcionados para estas pessoas.
Limitações de acesso aos médicos, falta de programas de informação e campanhas para a população sobre as medidas que envolvem estilo de vida saudável, pouca divulgação sobre exames de rastreamento e vacinas, limitações na infra-estrutura para o diagnóstico e tratamento, carência de programas de pesquisa, falta de educação médica continuada e diretrizes de conduta que sejam específicas para esta região, levam a disparidades imensas nos resultados de cura ou de controle da doença entre os diversos países da América Latina, comparado aos países desenvolvidos e entre as populações de poder sócio-econômico diferentes dentro do mesmo país.
Como exemplo, uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia revelou que homens negros têm uma chance 60% e 30% maior de apresentar-se ao diagnóstico com doença localmente avançada e metastática, respectivamente, comparado aos indivíduos caucasianos. Diagnósticos de doença em fases mais avançadas são uma tônica também mais frequente quando comparamos pacientes ligados aos SUS, em relação a pacientes com planos de saúde privados.
Ou seja, existem muitas razões para estatísticas tão preocupantes, porém muita oportunidade de melhora, caso sejam feitas políticas públicas mais efetivas, suporte à pesquisa e facilitação para sua realização, desenvolvimento de diretrizes adaptadas para a região, desenvolvimento de mais institutos sociais para propagação da informação, e redução dos custos de medicamentos e tecnologia de alta complexidade para a rede pública. O impacto positivo destas medidas pode ser imenso nesta região sedenta por melhorias.
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Zogaib, medico do esporte
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil – cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
Sergio Simon, oncologista