Policial militar reformado assassinou a mulher, também PM, em abril de 2015. Acusado responde por homicídio duplamente qualificado.
O Tribunal do Júri de Ceilândia começou a julgar na manhã desta quarta-feira (29) o assassinato da PM Neide Rodrigues Ribeiro, morta pelo marido, também policial militar, em 2015. Jailson Guedes Ferreira é acusado de feminicídio e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Se condenado, o policial militar reformado poderá pegar até 30 anos de prisão. A lei que aumenta a pena para quem assassina mulheres por razões de gênero foi sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff em 9 de março de 2015. Os casos dessa natureza também passaram a ser classificados como hediondos.
Em 15 de abril de 2015, o policial militar matou a mulher e tentou suicídio dentro da casa do casal, em Ceilândia, no DF. Ferreira atirou várias vezes contra Neide após uma discussão. Ela também era militar reformada e morreu na hora.
Após matar a esposa, o acusado teria contado aos agentes da 23ª Delegacia de Polícia que atirou em Neide depois dela ter dito que “ele não era homem para matá-la”.
Em depoimento prestado à Polícia Civil e citado na denúncia do Ministério Público, um vizinho afirmou que “ouvia bastante discussões entre o casal, e inclusive isso acontecia com frequência” e que escutou quatro tiros no dia do crime.
Segundo a testemunha, a mulher recebeu a visita de um caminhão de mudanças horas antes de morrer. Outra testemunha ouvida pelo G1 no dia da morte, afirmou que Neide queria a separação e planejava sair de casa.
Um júri popular vai ajudar a decidir qual será a pena do réu. Por ser crime hediondo, se condenado por feminicídio, Ferreira deve cumprir metade da pena detido, para só então solicitar progressão de regime.
Feminicídio
O Tribunal de Justiça do DF marcou para a próxima segunda-feira (3), às 9h, o julgamento de outro caso de feminicídio. O júri popular do ex-estudante Vinicius Neres Ribeiro, de 20 anos, acusado de matar a ex-namorada Louise Ribeiro em um laboratório da Universidade de Brasília (UnB).
O jovem, que foi desligado da UnB após o crime, foi preso em 11 de março de 2016, horas após a descoberta da morte de Louise. Ele aguarda o julgamento na prisão. Neres chegou a confessar a autoria do assassinato à Polícia Civil.
O ex-estudante responde por homicídio qualificado, com quatro agravantes: motivo fútil, uso de recurso que dificulta a defesa da vítima, asfixia e feminicídio. O réu também foi denunciado por ocultação de cadáver.