Bafômetro acusou 0,865 mg de álcool por litro de sangue, e estudante responderá por homicídio culposo e embriaguez. Vítima foi sepultada nesta segunda.
A estudante de 20 anos que matou um ciclista atropelado no Lago Norte neste domingo (23), em Brasília, pagou fiança de R$ 5 mil e foi solta nesta segunda-feira (24). Em audiência de custódia, o Tribunal de Justiça definiu que ela vai responder ao processo em liberdade.
A motorista passou a noite de domingo detida, depois que o teste do bafômetro acusou níveis altos de álcool no sangue – 154% acima do limite para a configuração do crime de embriaguez.
O advogado Caio Leite, que representava a jovem, disse que repassou o caso a um colega, depois de conseguir “reduzir” a acusação para homicídio culposo – quando não há intenção de matar.
Segundo o novo advogado da estudante, Raphael Castro Hosken, a Justiça entendeu que a jovem não colocaria o processo em risco e, por isso, não havia necessidade de uma prisão cautelar. “Ela ela acionou socorro e se comprometeu a comparecer a todos os atos do processo”, apontou Hosken.
Em depoimento à Polícia Civil, a motorista contou que, quando saiu da festa, chamou um carro para ir até a casa de uma amiga, na QI 12 do mesmo bairro, onde havia deixado o carro. No caminho da própria casa – a cerca de 20 quilômetros de distância – ela teria dormido ao volante e só acordado com o barulho da pancada.
No boletim, ela afirma que estava na velocidade da via, de 70km/h, mas que “não se recorda” do que ocorreu. No momento da colisão, “desceu do carro e tentou socorrer a vítima e também pediu ajuda para pessoas próximas”.
Enterro
O corpo de Edson Antonelli, de 62 anos, foi sepultado por amigos e familiares na tarde desta segunda no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Durante a cerimônia, eles soltaram balões brancos para simbolizar um pedido de paz no trânsito.
Irmão de Edson, Roberto Antonelli disse ao G1 que, ao convidar os amigos para pedalar, Edson costumava pedir que sempre trafegassem pela via exclusiva de bicicletas. “Ele gostava de esportes, era cuidadoso e amava a vida, mas foi atropelado em cima da ciclofaixa”.
A cunhada do ciclista, Efigênia Bragança, diz que a família quer a punição de quem cometeu o crime.
“Não foi acidente. Tem que punir, todo dia isso acontece em Brasília. A gente não pode ficar calado senão daqui uma semana ela vai estar indo para o salão depois de ter destruído uma família”.
Paz no trânsito
De acordo com o Detran, esta é a 8ª morte por atropelamento a ciclistas no Distrito Federal desde janeiro. A diretora da ONG Rodas da Paz, Ana Júlia Pinheiro, aponta que um conjunto de fatores tem motivado o aumento do número de mortes no trânsito envolvendo motoristas e ciclistas.
“Há todo um sistema em favor do motorista já que a lei, às vezes, é conivente com quem mata. A velocidade das vias que têm ciclofaixas precisa ser reduzida e os assassinatos cometidos com carro têm que ser vistos do mesmo modo daqueles cometidos por arma de fogo.”
No ano passado, foram 19 casos de atropelamentos de ciclistas no DF. Somente no feriado do aniversário de Brasília e de Tiradentes, entre os dias 21 e 23 de abril, o Detran flagrou pelo menos um motorista dirigindo sob efeito de álcool por hora. No balanço dos três dias, foram 127 multas por embriaguez no DF.
Quatro pessoas acabaram presas por apresentarem índice de 0,34 miligramas de alcóol por litro no bafômetro. O órgão também apreendeu 125 carros e 23 motoristas pegos sem carteira de habilitação.