O local está tomado por lixo %u2014 latas de cerveja, pacotes de salgadinho, garrafas, entre outros objetos %u2014 lodo e até larvas de mosquito
As mensagens de preservação do meio ambiente em placas instaladas às margens do lago do Parque da Cidade contrastam com o cenário de abandono do espelho d’água. O local está tomado por lixo — latas de cerveja, pacotes de salgadinho, garrafas, entre outros objetos — lodo e até larvas de mosquito. As lixeiras nas proximidades estão cheias e os dejetos transbordam. A situação entristece frequentadores e desaponta turistas. É possível observar ainda marcas de assoreamento: a administração do parque confirmou que o volume de água diminuiu cerca de um metro.
A estudante Schneider Araújo, 17 anos, que vai ao parque semanalmente, conta que os problemas vêm aumentando progressivamente. Antes, mesmo com um pouco de sujeira era possível ver peixes com mais frequência. “Muito triste, porque o parque foi criado para ser uma área de lazer e turismo”, lamenta. A visita ao local frustrou Douglas Martin, 26, e João Miguel Milanez, 28. Os dois vieram do Rio de Janeiro a Brasília e escolheram o Parque da Cidade como um dos pontos turísticos a conhecer. “De longe, parecia um parque agradável”, comentou Douglas. A expectativa, no entanto, não se concretizou. “Estava bem sujo, ainda mais para um parque desse tamanho. O espaço é mal aproveitado”, avaliou Douglas. “O lago está cheio de larvas de mosquito. Isso, no Rio de Janeiro, seria considerado calamidade pública”, acrescentou João Miguel.
A administração do parque encomendou estudo de evaporação para determinar as causas da redução do volume de água no local. Para preservar as espécies que habitam a região, foi assinado um termo de cooperação técnica com o Zoológico de Brasília. O levantamento tem como objetivo a preservação e o monitoramento dos peixes e das aves da região. A Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer atribui a seca do lago à escassez das chuvas dos últimos meses. De acordo com a pasta, o quadro não oferece risco aos animais. Assegurou, ainda, que será construído um poço artesiano com capacidade de captação de até 187,5 mil litros de água ao dia.
Na avaliação de Gustavo Souto Maior, professor do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB), a evaporação, por si só, não provocaria uma redução tão acentuada do nível de água. “Brasília sempre teve períodos de seca. Grande parte dessa área deve estar assoreada”, analisa. Ele explica que o assoreamento é o depósito de sedimentos — como terra, areia e lixo — num corpo hídrico, o que acarreta na diminuição do espelho d’água. Essa condição pode colocar em risco a fauna local e contribui, ainda de acordo com o especialista, para o aumento do número de larvas de mosquito. Impedidos de chegarem à margem devido à profundidade reduzida, os peixes não podem se alimentar delas. A Administração do Parque da Cidade se comprometeu a consultar o Corpo de Bombeiros e a Vigilância Sanitária para informações sobre como lidar com os focos do inseto
LIMPEZA
O administrador do parque, Alexandro Ribeiro, afirma que levará um estudo ao Serviço de Limpeza Urbana (SLU) para viabilizar a ampliação do número de lixeiras. Ele observa, no entanto, que isso não garante a solução do problema. “Boa parte do material levado para piqueniques e afins é largado lá. Existe pouco comprometimento com o espaço público”, relata. Segundo ele, está sendo planejada uma companha de conscientização, em parceria com a SLU, para os frequentadores. A Secretaria de Esporte informou que a limpeza no parque ocorre periodicamente e que a próxima está marcada para a primeira quinzena do mês.
Fonte: Correio Brasiliense