Pedro esperava cirurgia desde 2015. Ele foi internado por volta das 7h e passa por bateria de exames; procedimento ocorre graças a doação de ‘grampeador linear’ por casal carioca.
menino de 4 anos que esperava desde 2015 para retirar a bolsa de colostomia que carregava junto ao corpo foi internado no Hospital de Base de Brasília por volta das 7h desta terça-feira (15). Segundo o pai, Fabrício de Souza, Pedro “acordou feliz com a notícia de que iria tirar a estominha” – como ele chama a bolsa.
Souza e a mulher, Erika, vão se revezar para acompanhar o filho durante a internação. A família saiu de casa, em Samambaia, quando o dia ainda estava escuro, por volta das 5h, e foi até o hospital, no Plano Piloto, de ônibus.
“Esperamos tanto por esse momento, que acordar esse horário não é nada perto da nossa felicidade.”
Pedro vai passar por uma bateria de exames antes da cirurgia, que está marcada para a manhã de quinta-feira (17). O procedimento deve durar duas horas, segundo os médicos informaram à família. A cirurgia ocorre graças à doação de um “grampeador linear” feita por um casal do Rio de Janeiro, que comprou e enviou o material em falta na rede pública de Saúde do DF.
A bolsa de colostomia foi implantada no menino em junho de 2015 para corrigir uma malformação que obstruía o sistema digestivo. Ela requer uma abertura no abdome e seria usada até que os pontos cicatrizassem.
A bolsa deveria ter sido retirada cinco meses depois da cirurgia. Mesmo com duas decisões judiciais favoráveis ao menino, a Secretaria de Saúde não disponibilizou o grampeador linear para que ele fosse operado no Hospital de Base. Aproximadamente 38 pessoas aguardam pelo mesmo procedimento só nesta unidade.
Relembre o caso
Em fevereiro, a Secretaria de Saúde informou que a compra do grampeador linear estava “em andamento” e que o procedimento seria agendado assim que o equipamento estivesse disponível. No dia 3 de maio, a pasta disse que não havia prazo para a compra do grampeador e, por isso, não havia como prever uma data para a cirurgia do menino.
“O grampeador linear não é um material disponível em estoque na Secretaria de Saúde. O processo de compra foi autuado e encaminhado ao Núcleo de Judicialização para providências quanto à compra. O procedimento só poderá ser realizado após a aquisição”, informou a secretaria.
Na tentativa de ajudar o menino, após ler reportagem sobre o caso, um casal do Rio de Janeiro procurou o Hospital de Base para doar o equipamento. No entanto, foi tratado com descaso pela então gerente de medicina cirúrgica, Márcia Amorim.
Na troca de mensagens, o casal recebeu como resposta que não poderia fazer doação para “paciente específico”, apenas para o primeiro da fila de espera para a cirurgia. Os doadores questionaram, então, quantos pacientes estavam na fila e Márcia respondeu que não tinha “a menor ideia”. A gerente chegou a perguntar “em que planeta” eles viviam.
Cerca de uma semana depois de tratativas com a Secretaria de Saúde e com o fornecedor do grampeador linear, o casal conseguiu efetivar a doação no dia 9 de maio.
Após a divulgação das conversas trocadas entre o casal carioca e a então gerente de medicina cirúrgica do Hospital de Base, Márcia Amorim, o secretário de Saúde do Distrito Federal, Humberto Fonseca, assinou a exoneração da servidora. A perda da função de chefia foi publicada no Diário Oficial na última quarta-feira (10). Ela segue atuando como médica na rede pública, por ser concursada.