Governo lançou nesta terça Campanha Nacional de Doação de Leite Materno. Ação busca incentivar mulheres em fase de aleitamento a doar parte do leite para bebês prematuros.
Brasilia é a única cidade do mundo que tem auto-suficiência em doação de leite materno, afirmou nesta terça-feira (16) o coordenador da Rede Global de Leite Humano, João Aprígio. A declaração foi dada durante uma entrevista coletiva do Ministério da Saúde que marca o lançamento da Campanha Nacional de Doação de Leite Materno.
A ação busca incentivar mulheres em fase de aleitamento a doar parte do leite para bebês prematuros que estão internados em hospitais públicos e privados da capital.
Segundo a coordenadora dos bancos de leite do DF, Miriam Santos, para atender os bebês internados em hospitais públicos e privados da capital, é preciso coletar 1,5 mil litros de leite por mês. Ela disse que a média atual de coleta é de 1,35 mil litros.
A secretaria de Saúde do DF vai lançar nesta sexta (19), no Dia Mundial de Doação de Leite Humano, um aplicativo para celulares. De acordo com a pasta, a tecnologia vai funcionar como ponte entre mães doadoras, Corpo de Bombeiros e bancos de leite. A plataforma também permitirá maior controle da secretaria sobre a quantidade de leite coletado e as regiões onde são recolhidos.
De acordo com Miriam, nos primeiros quatro meses do ano, 3.643 bebês prematuros receberam leite materno de doadoras. “Número que vem crescendo na medida em que intensificamos as ações por maior coleta e melhor qualidade do leite.”
O Distrito Federal tem 15 bancos de leite, sendo dez da rede pública distrital, dois do governo federal e três da rede privada de saúde. Os postos de coleta são três, mas as doações também são recolhidas pelo Corpo de Bombeiros na casa das mães. Até mesmo estados com maior número de bancos de leites, como São Paulo, que tem 57, recolhem menos doações que o DF, segundo Miriam.
“Proporcionalmente, nós coletamos mais. Talvez porque o trabalho começou na década de 80 e temos uma geração de brasilienses que cresceram fazendo isso.”
O secretário de Saúde do DF, Humberto Fonseca, destacou que dez bancos públicos da capital recolhem 90% de todo o leite materno do DF. “A média nacional é de 60% e aqui todos os bebês internados recebem leite materno, recuperam imunidade e tem melhor condições de deixar o hospital.”
Para o coordenador da Rede Global de Leite Humano, João Aprígio, mesmo que Brasília seja referência no serviço, é preciso intensificar as campanhas. “A doação de leite materno não pode ser vista como algo exclusivo da saúde, mas da sociedade como um todo.”
Segundo ele, o número de bebês prematuros ou nascidos abaixo do peso têm crescido no mundo todo – cerca de 14% de todos os nascimentos – e o leite materno é a principal fonte de recuperação. “Mais do que alimento, eles precisam de um ‘fármaco’ pra suprir o que produtos industrializados jamais substituíram.”
A consciência de que “o leite que a mãe tira não vai falta pro próprio bebê” é primordial, segundo Miriam. “As mulheres que decidem doar acham que precisam fazer em grande escala, mas qualquer quantidade é suficiente.”
Segundo ela, um frasco de vidro, de 300ml ou 400ml, pode alimentar dez crianças. De acordo com a chefe do Hospital Materno Infantil de Brasília Raquel Prata, tem bebês que recebem 8ml por dia durante semanas.
Para a professora Suzy Margarete Machado, de 34 anos, doar leite materno é um ato de amor. Ela tem uma filha, Laura, de dois meses. “Graças a Deus consegui amamentar e tenho muito leite, tanto pra ela, quanto pra outros.” Ela disse que doa uma média de dois fracos por semana.
Como doar?
Para doar leite materno é preciso ter alguns cuidados higiênicos. A secretaria de Saúde recomenda que as mães prendam os cabelos com touca e protejam a boca e nariz com máscara ou pano. “É preciso ter cuidado porque esse leite é ouro”, disse coordenadora de Bancos de Leite do DF, Miriam Santos.
As mãos e braços devem ser lavados com sabão e os seios, apenas com água. A mama deve ser massageada e as primeiras gotas de leite, descartadas. O frasco de vidro onde será depositado o leite precisa ser esterilizado. Basta colocá-lo em uma panela com água fervendo.
Depois da coleta, o pote deve ser identificado com uma etiqueta, com a data e hora da primeira coleta. Os potes não podem ser enchidos até a tampa, porque racham ao congelar.
Para entregar a doação, as mães podem ir aos bancos de leite ou solicitar ao Corpo de Bombeiros o recolhimento em casa. Neste caso, é preciso ligar no Disque 160, opção 4, ou agendar o atendimento pelo site da secretaria.