A maioria das oportunidades são para vendedor, auxiliar administrativo, de serviços gerais, representante comercial, recepcionista e atendente. Em abril, havia 336 mil desempregados na capital
O fantasma do desemprego assustou os brasileiros nos últimos meses. No Distrito federal, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego de abril, 336 mil estão sem carteira assinada. Mas, há vagas para quem quer voltar ao mercado de trabalho. De acordo com o Sistema Nacional de Empregos (Sine), existem 20.536 oportunidades disponíveis em Brasília e nas regiões administrativas.
Entre as ofertas mais comuns, estão para vendedor, auxiliar administrativo, representante comercial, auxiliar de serviços gerais, recepcionista e atendente. No Brasil, quase 60 mil postos de trabalhos formais foram abertos no mês passado. Muitos brasileiros estão aproveitando o momento para voltar ao mercado de trabalho ou conseguir um emprego melhor, como o enfermeiro Emerson Mendes Martins, 25 anos.
Apesar do sonho de ser funcionário público, ele continua de olho nas vagas que surgem. “Eu larguei meu emprego para estudar para o concurso dos bombeiros, por conta da estabilidade financeira e segurança. Fiquei bem colocado, mas não cheguei a ser chamado no primeiro momento. Como minhas contas não podiam ficar esperando até lá, comecei a entregar currículos”, contou. O enfermeiro está participando do processo seletivo de hospitais e, enquanto isso, faz ‘freelas’ para pagar as despesas de casa. “Eu, particularmente, não fico procurando vagas só na internet. Gosto de ir ao local e entregar o currículo, para entrarem em contato comigo quando surgir uma oportunidade”, explicou. “Eu não espero a vaga aparecer para me candidatar. Meu currículo já estará lá”, completou.
Renda
O secretário adjunto do Trabalho do DF, Thiago Jarjour, afirmou que é perceptível um crescimento gradativo nas oportunidades de emprego nos últimos meses, atrelado à retomada da economia brasileira. Mas ressaltou que é necessário se preocupar não apenas em gerar novos postos de trabalho formais, mas renda para a população. “As relações de trabalho estão mudando e isso é uma tendência para o futuro, de acordo com os indicadores. Nosso trabalho está focado em criar oportunidades para as pessoas terem uma renda e se qualificarem para o mercado”, explicou.
Na hora de se candidatar a uma vaga, o mais importante é estar seguro e ser sincero sobre a capacidade de executar as tarefas, de acordo com o especialista em Recursos Humanos, Jorge Fernando Valente de Pinho, doutor em psicologia organizacional pela Universidade de Brasília (UnB). “A pessoa às vezes pensa que engana e pode até conseguir ser contratado, mas será pior depois, quando não conseguir cumprir as demandas, o que pode ser um grande constrangimento e resultar em demissão”, avaliou.
Profissionais de gestão de pessoas recomendam que o candidato esteja em constante atualização, seja com cursos ou ingressando em graduações e pós-graduações. Ampliar as habilidades específicas ajudam o profissional a se diferenciar e se restabelecer no mercado de trabalho. A dica mais importante é se capacitar, desenvolver habilidades e técnicas de forma continuada. Ter domínio do que as empresas buscam também é necessário.
Tempo perdido
A estudante Juciane Silva, 33 anos, sente na pele as consequências de não ter concluído os estudos. Para correr atrás do tempo perdido, ela voltou para a escola e está terminando o ensino médio, enquanto procura uma oportunidade de trabalho. Até mesmo em funções mais básicas, como telefonista ou copeira, há a exigência de estudo. “Não ter concluído o 2º grau é minha maior dificuldade para conseguir uma vaga”, lamenta. “Quero terminar a escola e ter um emprego para conseguir pagar minha faculdade de administração. É meu sonho”, conta.
De acordo com pesquisa realizada pelo site de empregos Catho, ter domínio fluente de um segundo idioma é uma vantagem. A pesquisa indica que em cargos de diretoria a diferença salarial entre alguém que fala inglês fluentemente e um profissional que não tem essa habilidade é de 56%. “Seu conhecimento e sua competência são os diferenciais. O brilho nos olhos e a garra demonstrada na entrevista podem fazer a diferença”, complementa Larissa Meiglin, supervisora de assessoria de carreira na Catho.
Para Jarjour, apesar das reclamações de empregadores sobre a qualificação das pessoas que procuram trabalho, as constantes mudanças e inovações tornam o mercado mais competitivo. “Não é só questão de ter qualificação, mas se manter atualizado. Quem está parado, já está dando marcha à ré. É necessário estudar sempre”, opina.
Para o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Eustáquio, existe um descompasso entre o que o setor produtivo precisa e o que as pessoas têm de conhecimento para oferecer. Ele acredita, no entanto, que nem sempre a culpa é do trabalhador, mas de cursos que não oferecem a qualificação exigida pelos empregadores.
Fonte: Correio Brasiliense