Técnica chamada ‘segunda onda’ permite que tempo de cirurgia de catarata seja reduzido. Equipe do DF e do Rio de Janeiro receberam premiação internacional pela descoberta.
Oftalmologistas do Distrito Federal e do Rio de Janeiro foram premiados internacionalmente por inventar um método que facilita a cirurgia de catarata. A técnica, chamada de “segunda onda”, permite que a parte mais externa da catarata (o córtex) seja mais facilmente aspirada ao final da cirurgia auxiliada pelo laser. Isso permitiu que a aspiração leve dez segundos. Antes, esse mesmo passo poderia demorar até três minutos.
De acordo com o oftalmologista especialista em catarata e vencedor do prêmio Celso Boianovsky, a diminuição no tempo torna a cirurgia mais segura.
“Por causa da maneira como o laser femtosegundo é aplicado e do tipo de corte que ele produz, a aspiração do córtex pode ficar mais difícil, já que há uma certa aderência. Com a ‘segunda onda’, conseguimos soltar esse córtex, dando agilidade, segurança e melhor resultado para o paciente, que ganha no tempo de recuperação e pode voltar mais rapidamente às suas atividades”, explica.
A aspiração do córtex é realizada por um aparelho chamado facoemulsificador e acontece depois que o núcleo da catarata, parte central e mais rígida da doença, é retirada. No Brasil, alguns médicos já aderiram à manobra, e mais de centenas de cirurgias utilizando a nova técnia já foram feitas, de acordo com o especialista.
“Temos retorno dos outros cirurgiões que é muito positivo”, disse.
O prêmio foi recebido pelos médicos Boianovsky e Jonathan Lake no Congresso Internacional de Catarata e Cirurgia Refrativa, encontro de oftalmologia mais importante do mundo, em Los Angeles, em maio de 2017.
Outro ponto positivo é que não há aumento no valor da cirurgia por causa da nova técnica. “Não há encarecimento na cirurgia. Os pacientes que já tinha optado pela cirurgia a laser mantém o mesmo custo mesmo que a técnica seja utilizada”, disse Boianovsky.
Catarata
A catarata é uma doença que, se não for tratada, traz a perda da visão de forma progressiva, pois pode causar a opacidade total ou parcial do cristalino, que é a lente natural do globo ocular, responsável pela focalização da visão para perto e para longe. As pessoas afetadas pela doença passam a enxergar de forma embaçada, o que dificulta a realização de tarefas do dia a dia, como ler e dirigir.
O oftalmologista recomenda que, ao ser diagnosticada a doença, a cirurgia seja realizada o quanto antes, enquanto a catarata estiver menos rígida. Ele ressaltou também que a cirurgia para cura da catarata é a mais segura do corpo humano atualmente. Isso se deve aos riscos que decorrem do procedimento cirúrgico que, segundo ele, são extremamente raros e a boa reação do paciente, que em pouco tempo tem a visão recuperada.