Trio que vivia em São Paulo atraía mulheres pela internet e prometia presentes de alto valor. Uma das vítimas depositou R$ 600 mil em conta de estelionatários.
Um trio de nigerianos que vivia em São Paulo foi preso preventivamente na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE) do Distrito Federal por praticar “estelionato amoroso” com sete vítimas da capital federal. Outros dez suspeitos, também da Nigéria, estão sendo investigados pela polícia paulista.
Segundo a delegada-chefe da Delegacia Especializada da Mulher (Deam), responsável pelas investigações no DF, Sandra Gomes de Melo, este tipo de estelionato ocorre a partir do envolvimento amoroso do criminoso com a vítima.
Neste caso, os nigerianos buscavam mulheres em redes sociais e davam início a um relacionamento íntimo, com compartilhamento de fotos de outras pessoas. A primeira denúncia foi feita em 2013, quando o inquérito foi aberto.
Uma das vítimas prestou ocorrência nesta terça-feira (20). “A senhora disse que depositou R$ 600 mil em uma conta. Ela conseguiu bloquear uma parte, mas perdeu R$ 200 mil”, disse a delegada Sandra, à frente da operação “Fall@cia”. Segundo ela, o valor médio extorquido era de R$ 3 mil.
“Eles se passavam por membros de forças armadas norte-americanas. Sempre estrangeiros. Mandavam fotos de homens muito bonitos.”
Só então, depois de ganhar a confiança das vítimas, os estelionatários pediam dinheiro para enviar “presentes de alto valor”.
“Diziam que iam mandar jóias, que comprariam apartamentos. Alguns prometeram até casamento.”
Segundo a delegada, o perfil das vítimas são mulheres de meia-idade, viúvas, “pessoas solitárias”, que teriam maior propensão a se envolver pela internet.
A partir da quebra do sigilo bancário dos suspeitos, a polícia identificou 50 depósitos de todo o país na conta de um deles no período de três meses.
“Extratos bancários acusam três movimentações em uma conta internacional que somam R$ 600 mil.”
Segundo a delegada, as vítimas aguardavam o “presente” até que recebia uma guia falsificada de aviso de chegada da mercadoria. “Outro integrante do grupo aparecia na casa delas pra dizer que era preciso pagar uma taxa alfandegária.”
Para burlar o rastreamento do dinheiro, o grupo usava contas bancárias de “laranjas”.
“Acreditamos que há muito mais envolvidos, porque a característica deste tipo de organização criminosa é ramificar o crime.”
Os três presos em Brasília foram indiciados por estelionato, organização criminosa e um deles também por lavagem de dinheiro.
De acordo com a delegada, todos estão em situação regular no país. O mais antigo morava em São Paulo desde 2011 e o mais recente, há cerca de um mês. “Este estava sendo treinado para praticar o crime”, informou a investigadora.
Em uma das apreensões feitas nos apartamentos deles em São Paulo, foi encontrado um manual de como aplicar o golpe. “Especificava o tipo de mulher alvo, como conversar, convencer.”
“Ocorria até de trocar o interlocutor quando o perfil da vítima era outro. Buscavam alguém do grupo que tivesse mais traquejo com aquela mulher