O mineiro João César Vargas quer o ouro na olimpíada internacional, que acontece no Rio em julho, antes de seguir para a universidade de Princeton
João nasceu e cresceu em Passa Tempo, cidadezinha de 8 000 habitantes a 150 quilômetros de Belo Horizonte, filho de trabalhador rural e professora. Estudou em escola pública e sempre se deu bem com números e cálculos. Por isso mesmo, quando tinha 9 anos sua mãe o apresentou a uma prova da Olimpíada Brasileira de Matemática para Escolas Públicas. João ficou fascinado. Ainda teve que esperar dois anos para se candidatar, ele mesmo, ao pódio, só acessível a partir da 6ª série. Quando entrou no páreo, arrebentou: coleciona hoje seis ouros na competição do ensino público. “Aquela prova fez com que me sentisse desafiado. Foi aí que tomei gosto de verdade pela matemática”, relata.
O campeão garante que, apesar de estudar muito, leva vida normal: namora, vai a festas, sai com amigos. “Adoro ver Netflix”, entrega. Não é só nas olimpíadas que a matemática de João é vencedora, No fim do ano passado, antes das provas finais do ensino médio, mandou seu currículo para universidades americanas e foi aceito em cinco, entre elas as prestigiadíssimas Yale, Princeton e MIT. Optou por Princeton, “a melhor em matemática”, e é para lá que vai – um belo campus arborizado no estado de New Jersey – no fim de agosto.
“Quem diria? Uma chance dessas nem passava pela minha cabeça quando eu morava em Passa Tempo”, surpreende-se. Vê no seu futuro uma pós-graduação e um doutorado, provavelmente fora, mas planeja voltar e fazer carreira no Brasil, “pesquisando e dando aula em universidade”. Antes de tudo isso, porém, o que João quer mesmo é ter pendurada no pescoço a medalha de ouro da IMO. Falta pouco.