Além dos treinos, atletas e voluntários afirmam que a iniciativa contribui para a transformação social
A rotina de treinos de futebol que começou há um ano para o estudante Cícero Douglas Cosmo, 16 anos, tem como objetivo alcançar seu maior sonho: virar um jogador de futebol profissional. Ele faz parte do grupo de 80 jovens atletas que participam do Varjão Futebol Clube, projeto de inclusão social sem fins lucrativos, organizado por voluntários que tem o meu amor ao esporte em comum. “Eu treino três vezes por semana. Já participei de três campeonatos pelo time, ganhando uma vez. Sou zagueiro, e meu maior sonho é ser jogador de futebol. O esporte mudou muita coisa na minha vida, e quero que mude muito mais. Tenho certeza de que eu ajudaria muitas pessoas”, relata Cícero.
O projeto foi criado há sete anos e treinou mais de 1 mil crianças e adolescentes. Coordenador e criador do time, o autônomo Martinelli Fonseca da Silva conta que havia participado de várias iniciativas semelhantes, mas todas duravam pouco, devido à falta de apoio. A frustração então deu lugar ao sonho: o Varjão Futebol Clube nascia. “As escolas de esporte tinham validade aqui no Varjão. Eu mesmo resolvi montar o projeto, pois percebi que os jovens da nossa comunidade não tinham muitas oportunidades, nem no esporte, nem na vida profissional”, relata.
Martinelli afirma que o caminho percorrido não foi fácil. Quando criado, o time tinha apenas uma bola de futebol e cerca de 30 alunos. Após muitos altos e baixos, o grupo conseguiu vencer o primeiro campeonato, o Torneio do Paranoá. Os meninos foram campeões-mirins e, com o dinheiro do prêmio, conseguiram comprar um uniforme. Hoje, o grupo recebe o apoio da Administração Regional do Varjão, que cedeu o campo de futebol e o vestuário para os jovens atletas treinarem. Um pequeno grupo de empresários também ajuda a pagar a passagem do técnico.
Voluntários
Treinador no tempo livre, o técnico de enfermagem Nilton Jenshen, 42, participa do clube há seis anos e garante que o time ensina muito mais do que futebol para os jovens. “Essa escola tem um conceito social muito importante”, comenta. “Aqui, nós estamos formando cidadãos que vão carregar um legado para o futuro”, diz, emocionado, enquanto observa o treino.
A conselheira tutelar do Varjão Juliana Alves, 29, se apaixonou pelo time depois que o irmão dela começou a treinar. Ex-jogadora de futsal, ela conta que o pontapé inicial para ajudar o clube foi a gratidão: quando jovem, ela participou de vários projetos esportivos gratuitos e, agora, acredita que chegou a sua vez de ajudar. Atualmente, ela auxilia Martinelli na coordenação do projeto. “Nenhum de nós recebe dinheiro por fazer o que fazemos. Realizamos tudo por amor, acreditamos que, por meio do esporte, podemos mudar uma geração”, diz.
O estudante Péricles Monteiro, 16, treina há dois anos e se considera sortudo por fazer parte do projeto. “O esporte foi o meio que eu encontrei para me livrar de caminhos errados”, conta. O jovem tem o mesmo sonho de Cícero: ser jogador de futebol. O treinador Nilton afirma que a escola sempre realiza a peneira — seleção que os clubes de futebol fazem para descobrir novos jogadores nas categorias de base, que ainda não começaram a carreira profissional. Segundo ele, o time mandou três atletas para treinarem fora de Brasília.
Apoio
Martinelli afirma que a escola sofre com a falta de patrocínio. Muitas vezes, o time só conseguiu participar de campeonatos regionais porque os próprios atletas se mobilizaram para arrecadar dinheiro. Em 2013, o grupo participou da Copa Nacional de Futebol, em São Paulo. Para conseguirem o dinheiro necessário, os jovens venderam rifas, lanches e fizeram uma vaquinha durante três meses.
No entanto, o grupo perdeu a oportunidade de jogar no Chile, em 2012, porque não conseguiu a quantia necessária para participar. Cerca de 30 alunos contribuem com R$ 20 para ajudar o clube. “Temos carência de materiais de treino, como bolas, medicamentos, lanches para os alunos e transporte para campeonatos. Mesmo assim, o clube mostra para esses jovens que ainda vale a pena sonhar e lutar pelos sonhos”, afirma Martinelli.
A luta agora está em conseguir arrecadar dinheiro para levar cinco atletas para Minas Gerais, onde eles farão uma avaliação para o time Clube do Cruzeiro. A viagem será em 22 de julho, e o grupo pede ajuda para patrocinar a jornada dos jovens e, quem sabe, ajudá-los a realizar o sonho de se tornarem jogadores profissionais.
Conheça e ajude o Varjão Futebol Clube
Contatos
99171-1409 — Martinelli Fonseca
99164-6089 — Prof. Nilton Janshen
998380-7984 — Juliana Alves
E-mail
varjaofcbsb@gmail.com
Site
varjaofutebolclubebsb.blogspot.com.br