Ela tinha conseguido habeas corpus para cumprir prisão na casa da sogra, alegando que não havia ninguém para cuidar do filho. Investigadores apontaram que menino podia ficar com tios.
A Justiça do Distrito Federal revogou a decisão que liberava a ex-tesoureira da Cruz Vermelha de Petrópolis, Tatty Anna Kroker. Ela tinha conseguido habeas corpus da 3ª Turma Criminal para cumprir prisão domiciliar sob a justificativa de que precisava cuidar do filho, de 10 anos. Com a nova determinação da Justiça, ela volta a ser presa na Colmeia, por tempo indeterminado.
A ex-tesoureira faz parte do grupo de 13 pessoas acusado de lucrar e “sumir” com o dinheiro do contrato pago à organização social para administrar duas UPAs do DF, sem ter prestado nenhum serviço. Todos são réus na Justiça. Os crimes apontados pelo Ministério Público são: irregularidade em dispensa de licitação, falsificação de documento, peculato e lavagem de dinheiro (veja aqui).
Para cuidar do filho
Uma investigação do Ministério Público de Minas Gerais mostrou que, ao contrário do que Tatty Anna Kroker tinha afirmado, o filho não estava apenas sob o cuidado da sogra, que ela dizia ter saúde debilitada. O relatório do MP de Minas foi compartilhado com os promotores de Brasília.
“Vale dizer, mesmo que sua sogra seja acometida de alguma debilidade, o que não se tem certeza, ainda assim restam dois tios adultos do infante na mesma casa, portanto, a sogra da denunciada, além de não ser a única parente da criança, também não seria a única com condições de exercer a guarda provisória.”
Assim, a 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça decretou novamente a prisão preventiva da ex-tesoureira. Para chegar à decisão, os desembargadores levaram em conta a gravidade da conduta dela, o fato de existirem outros parentes aptos a cuidar do filho e a preocupação em continuar com as investigações.
A decisão dos magistrados é do dia 13 de julho. Dois dias depois, uma equipe do MP de Brasília foi até Petrópolis, no Rio de Janeiro, para trazer de volta a ex-tesoureira ao DF.
Entenda
O objetivo da operação Genebra é identificar e punir os responsáveis pelo desvio dos R$ 3,46 milhões repassados à Cruz Vermelha de Petrópolis, quando a organização foi contratada em 2010 para administrar as UPAs do Recanto das Emas e de São Sebastião.
O acordo foi suspenso dois meses depois, e a organização social (OS) não prestou de fato nenhum serviço, afirma o MP. Corrigidos, os valores ultrapassam R$ 9,7 milhões.
O nome “Genebra” da operação remete à cidade onde fica a sede da Cruz Vermelha, na Suíça.