Todo inverno a regra é a mesma: a temperatura abaixa e a circulação de vírus aumenta. A capital federal, segundo dados do Ministério da Saúde, registou, neste ano, 22 mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) — uma complicação da gripe — e 334 infecções. No Brasil, são 14.180 contaminações e 1.726 óbitos. Os dados foram divulgados no fim da tarde de ontem, mas correspondem até 15 de julho. A friagem vem acompanhada do alerta de prevenção. A procura por atendimento nas emergências da rede pública aumentaram cerca de 40%.
Uma das preocupações da Secretaria de Saúde é a baixa adesão de grupos vulneráveis que não se vacinaram contra a doença. O DF atingiu a meta e imunizou 90,4% do público-alvo, de 687.155 pessoas. Ao todo, 92.602 que não faziam parte de nenhum grupo alvo tomaram a vacina. No balanço final da campanha, foram vacinadas 621.171 pessoas dos grupos prioritários. Entretanto, quatro parcelas prioritárias não chegaram ao índice. Mais de 65 mil crianças entre 6 meses e 4 anos deixaram de tomar as doses. Isso significa que 35,6% dessa população não está protegida. Essa faixa etária é a mais acometida com o mal.
O que deixa a situação mais confortável, porém, não descarta cuidados. É que o vírus H1N1 não contaminou nenhum paciente na cidade. Aqui, os micro-organismos que mais atacam são o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), o H3N2, o Metapneumovírus, o Adenovírus e o Influenza B. O VSR infectou uma gestante de 31 anos, que chegou a ser hospitalizada, mas, com tratamento, acabou curada.
Os números disponibilizados pelo Executivo local estão menos atualizados e diferem dos registrados pelo Ministério da Saúde. As informações mais recentes da Secretaria de Saúde correspondem até 25 de junho. A Vigilância Epidemiológica notificou 363 casos de SRAG e três mortes. Os pacientes viviam em Riacho Fundo, no Itapoã e em Samambaia. Sudoeste, Ceilândia e Taguatinga concentram as infecções.
Cuidados
O clima frio favorece a proliferação dos vírus e, com as temperaturas baixas, as pessoas ficam aglomeradas ou confinadas em ambientes fechados. Espirros e tosses favorecem a transmissão. “Nesta época, é preciso manter boa alimentação, hidratação adequada, uso de agasalhos e regras de higiene, como lavagem das mãos e evitar tocar boca e nariz”, explica Ricardo de Melo Martins, especialista em doenças pulmonares e infecções respiratórias da Universidade de Brasília (UnB). O médico destaca que é preciso estar atento a sinais como febre, mal-estar, fadiga e dores pelo corpo. “Logo no início dos sintomas, é preciso buscar ajuda médica”, completa.
Ninguém da Secretaria de Saúde quis comentar os dados. No Boletim Epidemiológico de Gripe, a pasta ressalta que o tratamento para a doença está disponível e que há unidades de vigilância sentinela nos hospitais. As autoridades sanitárias destacam, ainda, que a situação é normal e que monitora a situação. “Todos os casos internados em unidade terapia intensiva (UTI) devem ser notificados e coletadas amostras clínicas para identificação viral”, destaca o texto.
O boletim emitido pelo Ministério da Saúde destaca que as secretarias de Saúde devem disponibilizar aos hospitais públicos e privados o Protocolo de Tratamento de Influenza, sobretudo para os pacientes com fatores de risco, como outras doenças e divulgar à população as medidas preventivas. “(Os gestores devem) notificar e tratar todos os casos e óbitos suspeitos que atendam a definição de caso de SRAG, independentemente de coleta ou resultado laboratorial”, ressalta o documento.