Ação tem como principal alvo ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás; ele é acusado de favorecer Odebrecht em contratações com estatal. PF também cumpre mandados em Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
A Polícia Federal cumpre, nesta quinta-feira (27), dois mandados de busca e apreensão no Distrito Federal na 42ª fase da Lava Jato. A ação faz parte da Operação Cobra, que tem como principal alvo o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás, Aldemir Bendine, por corrupção e lavagem de dinheiro.
O advogado de Bendine, Pierpaolo Bottini, afirmou que o mandado de busca e apreensão foi cumprido por volta das 7h25 em Sorocaba, São Paulo, na casa do investigado. Bendine também foi preso temporariamente “para prestar depoimento” por decisão do juiz Sério Moro, segundo o advogado.
“Acho estranho, porque nós já tínhamos nos manifestado que ele prestaria depoimento”, disse o advogado . Por meio de nota, ele afirmou que a decisão foi arbitrária.
“Desde o início das investigações Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a regularidade de suas atividades. A cautelar é desnecessária. É arbitrário prender para depoimento alguém que manifestou sua disposição de colaborar com a justiça desde o início.”
Mandados de busca e apreensão e de prisão temporária também estão sendo cumpridos em Pernambuco, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os presos serão levados à Superintendência da PF em Curitiba e julgados pela 13ª Vara Federal da cidade.
A PF não informou quem são os alvos de Brasília.
Investigações
De acordo com as investigações, Aldemir Bendine e um grupo de pessoas associadas valeram-se dos cargos ocupados nas estatais para obter vantagens indevidas da Odebrecht em troca de favorecimentos em contratações com a Petrobrás.
Segundo delação de Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, Bendine teria recebido R$ 3 milhões em espécie, que foi pago por meio de um intermediário. “Aparentemente, estes pagamentos somente foram interrompidos com a prisão do então presidente do grupo Odebrecht [Marcelo Odebrecht]”, disse a polícia em nota à imprensa.
Em 2015, Bendine deixou o Banco do Brasil com a missão de acabar com a corrupção na Petrobrás, já alvo da Lava Jato. No entanto, delatores afirmaram que a cobrança de propina começou quando ele ainda presidia o banco, em 2014.
Ainda segundo delatores, o pedido dos R$ 3 milhões foi feito naquele. Fernando Reis, ex-executivo da Odebrecht, contou à Polícia Federal que foi procurado por um representante de Bendine, o publicitário André Gustavo Vieira da Silva, com uma queixa sobre o ministro da Fazenda Guido Mantega.
“Que o Guido mandava sempre o Aldemir fazer as coisas, que ele fazia, que tinha a percepção que o então ministro Guido Mantega fazia parte da arrecadação e que ele, Bendine, só recebia as ordens e não recebia nada, então ele queria tentar estabelecer conosco um canal para o Aldemir Bendine”, afirmou.
‘Cobra’
Segundo a Polícia Federal, o nome da 42ª fase da Lava Jato refere-se ao codinome do principal investigado nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas no chamado “Setor de Operações Estruturadas” da Odebrecht durante a 23ª fase.
Até a publicação desta reportagem, a Polícia Federal não havia fornecido mais informações sobre a operação.