Megaoperação tem como como alvo 13 suspeitos, no DF e em Goiânia, que usavam moeda virtual falsa para atrair investidores. Justiça emitiu 18 mandados de busca e apreensão.
A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (21), a megaoperação “Patrik” para prender 13 suspeitos de envolvimento em um esquema de “pirâmide financeira” no DF e em Goiânia.
Segundo as investigações, a organização criminosa movimentou R$250 milhões a partir de investimentos de 40 mil vítimas em uma moeda virtual falsa, a Kriptacoin. Três empresas são alvo da operação, entre elas a Wall Street Corporate e Kriptacoin – criadora da moeda.
Até a última atualização desta reportagem, a polícia havia confirmado a prisão de 11 suspeitos em Brasília. A Justiça também expediu 18 mandados de busca e apreensão no DF e na capital goiana. Sete carros de luxo foram apreendidos e estão no estacionamento do Departamento de Polícia Especializada em Brasília.
O trabalho é feito pela Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf) em conjunto com a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon), do Ministério Público do DF.
Segundo a polícia, os suspeitos devem ser indiciados por estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e uso de documento falso.
O esquema
De acordo com as investigações, o esquema começou a ser articulado no final do ano passado e se consolidou no DF em janeiro de 2017. Os integrantes da organização se passavam por executivos e prometiam altos rendimentos com o negócio, com ganho de 1% ao dia sobre uma moeda virtual falsa – o resgate do saldo só poderia ser feito após um ano.
Para dar um ar de legalidade, eles marcavam reuniões, faziam anúncios em outdoors e propagandas, tanto na internet quanto na televisão, além de tirar fotos com cantores famosos.
Quanto mais investidores fossem recrutados para participar do negócio, a promessa de ganhos aumentava, com bônus de 10% por pessoa cooptada. Assim, o lucro crescia proporcionalmente à quantidade de aplicações feitas na cadeia, mas era tudo um golpe.
Segundo a polícia, uma das vítimas disse que aplicou quase R$ 200 mil sem retorno e, ao tentar resgatar os valores aplicados, foi ameaçada pelos “executivos” da falsa empresa.
As apurações também revelaram que o esquema funcionava com divisão de tarefas e que contava com falsificadores de documentos. Além disso, as três empresas que vendiam o serviço, alvo da operação estão, em nomes de “laranjas”, cujo o patrimônio declarado não condiz com as movimentações financeiras.
A polícia descobriu, ainda, uma lista com cerca de 20 nomes falsos que eram utilizados pela quadrilha. As aplicações eram feitas pela internet por meio de uma plataforma digital, mas os depósitos eram feitos em contas correntes.
Suspeitos
Entre os suspeitos alvos da operação no DF, três têm passagens pela polícia por injúria, ameaça, receptação, estelionato, formação de quadrilha, uso de documento falso, furto tentado, porte ilegal de arma de fogo, direção alcoolizada, lesão coporal, dano ao patrimônio e lesão culposa em acidente de trânsito.
Esta última passagem refere-se ao acidente provocado por uma Ferrari em maio deste ano no Lago Sul. O carro de luxo colidiu contra outro veículo, que capotou e deixou a motorista ferida. Ela estava com a filha de 1 ano.
Em Goiânia, um dos alvos é o administrador de uma das empresas e tem passagem por tráfico e falsificação de documentos.