A sujeira e a falta de manutenção ampliam o risco de quem quer atravessar vias no Distrito Federal em segurança
Símbolo de respeito aos pedestres, a faixa que permite a travessia segura de quem anda a pé no Distrito Federal completou duas décadas este ano. Mas, em alguns pontos, está maltratada, com sinalização apagada e a marcação no asfalto suja, o que expõe a segurança de quem precisa cruzar a via. A manutenção delas é obrigação do Estado, prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Contudo, em regiões de Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e até em endereços no centro de Brasília, o sinal de vida diante das listras brancas malcuidadas revelam o risco para quem precisa delas.
A Semana Nacional do Trânsito, encerrada ontem, permitiu ao cidadão refletir sobre as responsabilidades e os direitos nas vias, reforçando o dever do Estado em repensar o cuidado com as faixas. Na QS 414 de Samambaia, das sete listras no chão, apenas duas nítidas demonstram que ali a preferência é do pedestre. Mas, em razão da falta de cuidados, motoristas avançam sem respeitar o direito do mais frágil. Quando param, o barulho da freada brusca demonstra a falta de atenção de quem está ao volante.
A comerciante Conceição Gomes da Mota, 59 anos, mora próximo ao local e rotineiramente cruza a avenida por aquela faixa. Insegura, ela sempre faz o sinal de vida, mas quase sempre é desrespeitada. “É um perigo o atropelamento aqui. E quando um carro para, o de trás bate na traseira dele. A gente mostra a mão, mas só respeita quem é acostumado a passar por aqui e sabe que há uma faixa”, contou.
Na QNP 15, em Ceilândia, a faixa e um ponto de ônibus improvisado dividem quase o mesmo espaço. Por isso, quando um coletivo reduz a velocidade, para embarcar ou desembarcar um passageiro, os carros ultrapassam e avançam. Mas, em cima da travessia de pedestres, o risco de atropelamento é constante. Moradora da quadra, Zilma Moura de Araújo, 58 anos, reforçou o perigo: “Atropelamentos e acidentes são constantes. A gente dá com a mão, mas a maioria avança. Agora só param porque vocês estão aqui”, lamentou quando conversava com a reportagem na tarde de quinta-feira.
A realidade é a mesma em outro ponto da QNP, em frente a uma escola, quando até um carro da Polícia Civil é flagrado avançando durante a travessia de um pedestre. Na QSD 1, de Taguatinga, em frente a uma escola particular, o sentido da via mudou, mas a placa que indica a travessia segura não foi trocada de lugar. A seta que indicava a faixa no chão precisou ser apagada com tinta improvisada e outra entrou no lugar, mas, no chão, só existe faixa em um lado da pista. “Ninguém respeita. Para atravessar com segurança, às vezes, a gente precisa ir até a outra que está um pouco melhor. Mudaram o sentido da pista, mas não arrumaram nem a placa”, observou Gabriel Gomes, 17 anos, que estuda em uma escola pública da Comercial Su
Conscientização
A Semana Nacional do Trânsito buscou promover atividades de conscientização no trânsito e a mobilidade urbana sustentável. A ação terminou ontem. Houve blitzes educativas, exposições e palestras para motoristas, pedestres e crianças. O tema da campanha neste ano foi “Minha escolha faz a diferença no trânsito”.
O que diz a lei
Via de regra, o pedestre tem prioridade sobre todos os veículos, motorizados ou não, conforme as normas gerais de circulação e conduta previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Segundo a regra de trânsito, eles têm prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica. O artigo 71 do CTB também rege que “o órgão de trânsito manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização”.