Ação coordenada pela Delegacia do Meio Ambiente cumpre 14 mandados de prisão, 27 de busca e apreensão e 10 de condução coercitiva. Grileiros venderam 700 lotes em área da Terracap no Jardim Botânico.
A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (10) a 1ª fase da Operação Dinossauro, que visa desarticular um esquema de grilagem de terras e lavagem de dinheiro.
A ação é coordenada pela Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema) e cumpre 14 mandados de prisão, 27 de busca e apreensão e 10 de condução coercitiva em regiões do DF e em Unaí, Minas Gerais.
Segundo as investigações, a organização criminosa planejava tomar posse de uma área extensa da Terracap no Jardim Botânico. A delegada-chefe de Dema, Marilisa Gomes, informou que antes mesmo do parcelamento físico dos lotes, os terrenos já haviam sido vendidos por cerca de R$ 60 mil cada.
Cerca de 700 lotes com 600 m² foram vendidos pelos grileiros, de acordo com a delegada. Também foram cobradas “taxas condominiais” e valores extras mensais que somavam R$ 740 para cada comprador.
De acordo com a polícia, o laudo do Instituto de Criminalística identificou que área tem 46 hectares – o equivalente a cerca de 46 campos de futebol – e está dentro da Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu.
O nome da operação, Dinossauro, deve-se à tentativa dos grileiros de burlar o licenciamento para uso das terras junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo as investigações, eles apresentaram um relatório falso que apontava a existência de um “sítio arqueológico” dentro do terreno para conseguir autorização de exploração.
Até a última atualização desta reportagem, a polícia não havia informado mais detalhes “para não prejudicar a operação”.
Contra a grilagem
Esta é a terceira operação da Polícia Civil com o objetivo de combater a apropriação e revenda ilegal de terras do governo. Em menos de dois meses, foram realizadas duas ações
A Operação Sacerdote, deflagrada em 22 de setembro, cumpriu sete mandados de prisão temporária, cinco de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão. Entre os suspeitos, dois eram ex-funcionários públicos: um do Tribunal de Contas do DF e outro da Administração Regional do Riacho Fundo I.
De acordo com as investigações, o grupo demarcava e revendia terrenos “valiosos” cedidos pelo governo, como no Setor de Mansões Urbanas Dom Bosco, no Lago Sul, e em áreas de proteção ambiental. Os suspeitos vão responder por associação criminosa, falsidade ideológica, tráfico de influência, advocacia administrativa e corrupção ativa.
Já a Operação Confraria, realizada no dia 28 do mês passado, desarticulou uma organização criminosa suspeita de praticar grilagem de terra e tráfico de drogas no condomínio Pôr do Sol, em Ceilândia.
Na ocasião, dez pessoas foram presas: o líder comunitário da região, três policiais militares, um servidor da administração de Ceilândia e cinco traficantes. Segundo as investigações, o líder comunitário era o chefe da organização. Ele é suspeito de fracionar e vender terras públicas com o suporte dos policiais militares e do servidor do DF.